sábado, 18 de junho de 2011

Andar pela rua, atrás, sempre atrás
Pãos, pombos, pessoas, passos.
Passados que não caminham,
Presentes que não se dão
Quanta gente cabe dentro do amor?
Quantos desamores se é possível suportar?
Maria não sabia responder.
Maria caminha, caminha, caminha.
Sempre atrás, sempre atrás.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobre pulsos, eternos?

Até quando você vai embaralhar todas as cartas que coloquei em ordem sobre a mesa?
Mulher nua, sentada de pernas abertas sobre uma cadeira, revelando seus medos, seus pecados...
Eu marcado pela falta de não ser você
Esmurrei o vidro do boxe do banheiro, juntei os cacos e te construí um altar.
Deusa demasiada humana para me perdoar.
Fotografia da ausência, a tal que trago da infância,
Pintura exata do pouco colo que tive,
Relembrando em ondas morenas
Os olhos claros que eu não herdei.
Acalante minha magoa, desaguada na sua falta de pai
E me permite ser filha, insestuosa filha
Que não se ama jamais.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Entre mil edifícios abri o meu jardim
no meio do orifício
a flor brotou sem fim
rasguei meu coração
para regar de sangue
todos os seus espinhos
Meu amor nasceu,
Sozinho.
Sem pai, nem mãe
E nem religião
Que sabe eu seja
Um fruto deste filho
Que jamais nascera
Ao nunca estar a mercê
Do que já foi
Amante
De uma prisão-passado
Não serei escravo
Deste mal-amado
ato de não andar.
E que me condenem
A liberdade de não poder voltar
Pena perpetua é esta
de viver pra recordar.