terça-feira, 17 de agosto de 2010

Menina de preto

Quando notou que não cabia no mundo, construí um mundo para ela. A menina estranha que se trancava no quarto com seus livros e discos, com seus medos e sonhos. A mãe tão bonita, de cabelos loiros e olhos azuis se culpava pelo fracasso que era a menina de preto. Ela não gostava de balet, era surfista, com suas bermudas dadas pelo pai e seu skate, ela envergonhava a moça de olhos azuis, que chorou quando finalmente percebeu que.
Ela escrevia poemas, foi considerada gênio, mudaram ela de escola, a mãe ficou orgulhosa, o pai riu. Ela riu. Mais tarde também foi considerada louca, com seus braços sangrentos e sua boca maldita.

Ah mas ela era normal, ela ouvia Avril. rs.

http://www.youtube.com/watch?v=Hbm4G_7rGzQ

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Costumo acreditar que, em grande parte das circunstâncias, por mais incrível que às vezes pareça, o outro está fazendo o melhor que pode e se não faz mais é porque, embora queira, ainda não consegue. Acredito nisso porque costumo lembrar que, em grande parte das circunstâncias, por mais incrível que às vezes pareça, faço o melhor que posso e se não faço mais é porque, embora eu queira, ainda não consigo.Generosidade é também questão de memória.

sábado, 14 de agosto de 2010

A cor do avô

Meu avô tem uma biblioteca gigante na casa dele, deve ter pra lá de quinze mil exemplares. Isso significa que se ele com oitenta e quatro anos leu tudo isso, pensando que ele começou a ler com seis anos, numa média de cento e noventa e dois livros por ano, que dá pouco mais de dezesseis livros por mês, sendo que quando ele era criança não deveria ler tanto quanto hoje e eu vejo ele lendo mais de um livro por dia, quatro, cinco livros ao mesmo tempo, algo impressionante, que eu diria que o veinho sabe tudo. Vovô é professor, pós-doutor, emérito, poeta, filosofo entre outras coisas, mas se tem uma coisa que ele não entende nada, é cor. É daltônico. E foi nesse dia que o meu irmão no alto de seus cinco anos de pura esperteza, percebendo isso exclamou: Poxa vô, o que adianta estudar tanto se nem cor você sabe?
Até qualquer dia!
Eu volto
Vou buscar inspiração
Prometo que volto
Renovada, leve...Sem grilos!
Calma, não desespere!Vou ali...No alto da montanha
Pisar na grama
Dormir na rede
Vou de bicicleta
De asa-delta
Talvez andando
Eu sempre volto
Mas se acaso não voltar...Não vá se perder por aí!

PENHA

O colo mais gostoso / As broncas mais temidas / As conversas madrugada a dentro / O sorriso mais bonito / O gosto dolorido pela vida / O cheiro do pó compacto / As unhas sempre feitas / O cabelo sempre impecável / Vaidosa / Vacaína / Mulher do estalos/ Coração em forma de mundo / Vermelha / Alegria contagiante / Hiperativa.
Pimenta nos olhos dos outros / Felina, lambe a cria, mostra dentes e garras / Protetora / Maternal / Briguenta.
Os lápis apontados por ela / O dever de casa feito ao seu lado /O penteado pro balé / A competição de espirro / As laranjas em gominho.
Os ensinamentos / A coragem / As férias, viagens e bagunças, a fazenda e os sustos das minhas quedas.
Encarou a vida de frente.
Filha, irmã, amiga, mulher, mãe, avó, professora, psicóloga e só sentimento.
Quando os dois pedaços se foram, o coração se encheu de água. Uma família inteira sem chão, sem ar.Sem ela.
Fica bem aí. Deus em forma de mulher.
Eu descobri o quanto Deus é humano.
Te amo.
De algum lugar, para algum lugar.
Passou o tempo!Tempo que a minha casa era extensão da sua e que as portas e janelas permaneciam abertas pra você.Você entrava sem bater, comia da minha comida, deitava no colo dos meus. Lembra?Os colos eram seus, nossos.Era tudo tão festa.Gostávamos das coisas divididas.Você foi embora.Não é mais da família.Não, porque eu não quero.Agora precisa de cerimônia, de convite, não senta mais a mesa.Ganhou seriedade e perdeu a graça.Tudo que antes era espontâneo hoje precisa de tratado.E eu não sei fingir, não quero mais sambar com a cabeça.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sobre andar no escuro

O desapego é visto como um apagão. Mas espera. pupilas dilatam

Amor incondicional .

Hoje eu abri meu armário e dei de cara com a minha covardia, uma gaveta fechada, cheia de cartas interrompidas, com letras quase ilegíveis.Lembrei dos gritos de socorro do menino dos olhos azuis, de como aqueles gritos me faziam forte. Meu corpo magro, pequeno e ainda com dentes de leite, parecia para alguém o escudo perfeito, a fuga do inferno e eu de fato me tornava a tal.Lembrei da mão pesada, do corpo dolorido no chão, do choro desenfreado, da eterna espera no portão da escola e a constatação de que você não vinha., você nunca vinha. Lembrei então, que você vinha sim, vinha sempre que a mão pesava demais e chegava diferente, com presente e carinho, tratava das feridas que tinha feito e prometia ser melhor. Houve o dia em que você arrumou as malas para ir embora, naquele dia eu fiz de tudo para que sua mão me acertasse com força, pedi, implorei, só assim eu teria a certeza de que você voltaria. Mas você não voltou para a casa.Lembrei do medo instaurado nos olhos azuis do meu menino, no choro de horror, no cheiro estranho do seu cigarro estranho, das suas mudanças de humor, das perguntas que o menino de 5 anos fazia para a menina de 8: "Irmã ele é bom ou mal?", "A gente precisa mesmo vir?", "Por que você gosta dele?"... Ela gostava dele, ela amava, ama, nunca conseguiu odiar, talvez dai venha a dor. Ele incentivava seus sonhos, dava livros, como quem sabia que a realidade era um terreno pouco saboroso naquele momento, ele confirmava seus mitos e dizia que nada era impossível, ele colocava esperanças ali. Além do mais os tapas que vieram depois, mais velha, libertavam da culpa e aliviavam, a dor externa era melhor que a interna. A gente não precisava ir, mas a gente sempre ia. Te amo.

Meu eu em você

Eu prometi te amar pra sempre, eu sei.Quem disse que não amei?
Amor eterno dura sopros, é muito.
Fica o tempo do ontem, arde hoje, molha amanhã
Amores eternos são grandes demais para caberem em pessoas.
Transbordam espaços
Arrancam os laços
DescompassamDescompensam
Em pensar que meu peito em gritos, encontrou silêncio.
Ardeu de novo, queimou
Renasceu.
Fênix.
Mas quem disse que não te amei para sempre?
Quem foi que ousou tamanha mentira, meu amor?
Quantos grandes amores se há de ter?
Quantas infinitudes será capaz de suportar a efemeridade da vida?
Quantas vezes há de renascer, eu?
Você fica, mesmo que passe.
Não passa.
Te amei e foi pra sempre.
É.
Hoje eu abri meu armário e dei de cara com a minha covardia, uma gaveta fechada, cheia de cartas interrompidas, com letras quase ilegíveis.Lembrei dos gritos de socorro do menino dos olhos azuis, de como aqueles gritos me faziam forte. Meu corpo magro, pequeno e ainda com dentes de leite, parecia para alguém o escudo perfeito, a fuga do inferno e eu de fato me tornava a tal.Lembrei da mão pesada, do corpo dolorido no chão, do choro desenfreado, da eterna espera no portão da escola e a constatação de que você não vinha., você nunca vinha. Lembrei então, que você vinha sim, vinha sempre que a mão pesava demais e chegava diferente, com presente e carinho, tratava das feridas que tinha feito e prometia ser melhor. Houve o dia em que você arrumou as malas para ir embora, naquele dia eu fiz de tudo para que sua mão me acertasse com força, pedi, implorei, só assim eu teria a certeza de que você voltaria. Mas você não voltou para a casa.Lembrei do medo instaurado nos olhos azuis do meu menino, no choro de horror, no cheiro estranho do seu cigarro estranho, das suas mudanças de humor, das perguntas que o menino de 5 anos fazia para a menina de 8: "Irmã ele é bom ou mal?", "A gente precisa mesmo vir?", "Por que você gosta dele?"... Ela gostava dele, ela amava, ama, nunca conseguiu odiar, talvez dai venha a dor. Ele incentivava seus sonhos, dava livros, como quem sabia que a realidade era um terreno pouco saboroso naquele momento, ele confirmava seus mitos e dizia que nada era impossível, ele colocava esperanças ali. Além do mais os tapas que vieram depois, mais velha, libertavam da culpa e aliviavam, a dor externa era melhor que a interna. A gente não precisava ir, mas a gente sempre ia.
Nos seus olhostudo o que eu poderia ter amado.Nas minhas mãos (guardados)os dados viciados do nosso jogo.No coração o som sem voz da nossa breve histórias.E no serenar dos seres e das coisas(exatamente naquele átimo em que tudo é silêncio e expectação),ela (num esboço) arrombou a porta surda e saiu pela rua,sem piscar uma única lágrima...Eu ainda impedindo a sua passagem, segurando a chave, implorava um tapa.Ela fechou as janelas para os vizinhos não ouvirem.Eu senti vergonha do quase amor.Quase amores são sempre vergonhosos.Nunca mais ouvi aquela voz. Nunca na vida, ela me disse. Ouvi
Do outro lado sempre o mais leve. Vendo do alto, segurando na barra, com um belo sorriso no rosto. Embaixo vc. Joelhos arranhados, cravado na terra. descido na outra extremidade do inocente brinquedo. Se perguntando: o que carrega de tao pesado assim por dentro?
Quando caio em Fernando não há breu

o K do seu nome, vc sente fome?

Fecha os teus olhos e escuta a sua respiração (tão calma...) tudo inunda.Agora escuta (atenta) o lamento do vento nos vidros e respira fundo o frio todo que faz lá fora.Aproveita, vai aí dentro do teu peito amarelo e me procura naquele breve espaço escondido.E se você, por acaso, me encontrar,por favor, me arranca de lá...(um coração que, por medo, não sangra não pode nunca ser o meu lar)

João

Seria o avesso o lado de dentro exposto pra fora, ou o caos de fora revirado pra dentro? Ele só sabe que vai a tarde e vira poesia. Mania. Com avessos faz mágica, ele é abracadabra, pirata, um buscador. ele em verso, volta rouco. Sussurado. No desvão, o seu descuidar vira canção, me ascendendo vaga-lumes.
Se Maria e Carlos da Maia não se descobrissem irmãos, se a carta a Romeu lhe chegasse às mãos, se Orfeu não mirasse Eurídice, se eu cometesse menos tolices, o amor seria possível?Não. Até na arte se vê do amor apenas parte- indício, mais real que fictício,de que a plenitude é inconcebível.O que se busca, amiúde,é ignorar esta certeza implacável... Ver maise manter inabalável o sonhode viver, quando muito,um enfadonho romance de novelas- a chorar, entre elas,durante o intervalo maldito
Se não há para sempre, como crer no jamais?

amor , amor.

Deito de roupa para que acredite no meu sono fingido e não se achegue. Seu corpo não surpreende mais o meu, mistério resolvido por completo. Foi por medo ou por cansaço que fiquei todo esse tempo ao seu lado?Cuida sempre tanto de mim,dos meus desastres Que se agora eu te beijasse
Cometeria incesto, amor.

Abismo--eu.

moça olha bem no meu olho. vê? isso é um abismo. você não vai querer pular. vai?