quinta-feira, 31 de março de 2011

Paixão

Ás vezes acho que a paixão podia dar uns dias de folga, só pra gente recuperar o ar um poquinho.
Ah
AHH
ah
Ahhhhhh

Sem ar.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sei lá
Esta nova dor do mundo,
Sei lá
Eu não posso te contar
Hoje na nossa cadência
Descobri com paciência
Que esta minha existência
Não pode mais
Te escrever
Minhas linhas sem
Sentindo
Já não chegam aos ouvidos
Da menina
Que era o lar.
Oh
Musa surda
Musa muda
Esse olhar
Aprenda de uma vez
Que o novo alguém
Não fara
O amor passar.
E essa dor
Tende só a aumentar
As suas desilusões
Falta letra nas canções
Que você há de escutar
No lugar que não estou
Nos amigos que eu não vou
Sei lá
Oh
Musa surda
Musa muda
Esse olhar
Volta logo pro francês
Mata tudo que não fez
O seu coração
Andar.
Oh
Musa surda
Musa muda
Esse olhar
Sei lá
Sei lá
Sei lá

Nó ou mais um soneto

Um nó
Na garganta
De quem
Já não se encanta
Com o que
Há de viver
E só
Chora num canto
Sem canto
Sem querer
Com medo do futuro
Do que não
Pode prever
Jogar todas cartas
De um jogo
Que é sem par
Perder já nãoe é sorte
Nem azar.
Fechar a luz de casa
Apagar o que não há
Viver na esperança
De um dia se bastar.

A poeira

Um dia, eu e meu irmão andavamos por uma estrada de terra batida, fora das cercas de nossa fazenda.
Um caminhão passou e sujou nossas roupas e nosso rosto.
Meu irmão ficou muito bravo, pois iria ter que tomar outro banho, impaciente, ele disse: "Eu odeio poeira".
Eu olhando aquela nuvem de poeira que subia do chão e brincava com os raios de sol,passei a ter uma certeza, uma das poucas certezas que possuo: "Mas a poeira, irmão, é só a vontade que o chão tem de voar"

segunda-feira, 14 de março de 2011

O pé-da-letra

Não mandem minhas palavras ao pé-da-letra, eu as carrego na língua, nos dedos e no coração, todas elas, verso e prosa, sem exceção. Não me levem tão a sério, eu também sou ficção.

Sobre rompantes e fins

Essa mania minha, de terminar relações, quando essas ainda gozam de paixão, pode ser medo. Ou talvez um eu romântico que não sabe se desapegar do amor
e sai antes do fim, pra guardar ele pra sempre, ainda quente, em mim.

domingo, 13 de março de 2011

Quem foi
Que te deu a Rosa
Guimarães?
Quem foi que levou
Seus pés pelos sertões?
Quem foi
Que podou os ramos
Da sua graça?
E te deu asas nas mãos
Pra escrever a noite
E a vida
Nos confins dos meus
Pulmões?
O devir da ida
No porvir da graça
O sertão sou eu
Grito assim
Feito pirraça.

versinho de menina

Quando eu era criança
Eu sentava na janela
Via escorrer as gotas
Da cachaça e da panela
Tinha medo de crescer
De assim poder morrer
Como morria no céu
As estrelas de papel
E os versos do meu ser

sábado, 12 de março de 2011

Menina perna

menina da perna cansada
do peito afogado de dor
Dos olhos bonitos
de nada
da voz que espanta o amor
Menina o que passou na vida
Pra te encharcar de rancor
Será que foi o seu menino
Aquele primeiro
tremor
Será que foi medo do dia
Das curvas da longa estrada
Ou a culpa é toda dos olhos
Que são cheinhos de nada?
Ou a culpa é toda dos olhos
Que são cheinhos de nada?

Os sonhos que acordam
Sua noite
A cama que rouba seu ar
Menina o que há
Nessa calma
Que leva sua alma pra lá?
Menina o que há
Nessa calma
Que leva sua alma pra lá?
A braveza que empurra pra frente
As metas que tem ao luar
São as mesmas que tiram
A seta
Do caminho
Que rega o amar.

domingo, 6 de março de 2011

O céu mais estrelado e bonito que já vi. Pela janela do carro, pela janela do quarto, pelo contorno das árvores, pelos entornos da vida.
Rimos de um carro sem jeito, que nos leva de volta para o paraíso, rimos de um jeito como há muito não riamos. Rimos de chorar. Eu choro, choro pois me dou conta da nossa distância, física e de relação, tomo consciência de que também posso perder você, você e tudo que não vivemos. Te sinto, minha mãe, te sinto mãe minha, como nunca antes senti, será que isso muda o meu rumo? Será que muda o gosto do sumo que hei de provar, nos amores da vida?
Será que é a despedida de uma busca de ti, em seios fartos da falta de leite? Será que é o começo de uma era de aceites, de respeites, de deleites?
Alguma coisa mudou em mim neste carro quebrado, alguma coisa sorriu nos meus cantos escuros, que saudade eu estava, que saudade.
Agora seguimos, logo chega ela e será diferente, será. Eu tenho uma mãe e ela é minha.

sábado, 5 de março de 2011

Não tenho explicação para o nada que encontraste, amor
Deve ser que as palavras fugiram, escaparam pelo laço frouxo, mole..É que mamãe não me ensinou a apertar forte.
Eu sempre tropecei nos meus cadarços
Esta dor sem nome
essa dor com fome
Essa dor
Tem que acabar
Se não acabo eu
Se não acabo eu
Se não acabo eu
Com ela
Vou me embora pra roma
Que é o inverso do amor
Levo junta a tv
Deixo só essa dor
Que é um resto sem cor
Pra ela
Sentou-se no sofá e fez carícias no lugar ainda quente, onde Ela costumava sentar. Enxergou a respiração dela no travesseiro, encharcado de lágrimas e baba. bebeu a dor, em gotas que atravessavam o rosto sem cessar. Se afogou na densidade do ar que sobrou na ausência dos dias. Andou, andou de um cômodo a outro. Andou escutando o cheiro dela por todo apartamento. Lembrou que esquecer era um lugar inóspito.Calçou os sapatos, amanhecendo em dor. Foi-se embora pra roma que é o inverso do amor. Levou junto a tv, fechou as luzes e apagou as portas.Decidido a não voltar.
Sou eu
Seu cavalheiro de armadura
Seu poeta de candura
Seu amante, Diamante
Sou eu
Que tanto quis até a morte
Saber seu cheiro
Nossa sorte
redecorar carinho bom
Sou eu
Que atravessei muitos moinhos
Que fui ao céu
Seu passarinho
pra me entregar
Feito um rei
Costurando o sonho seu
Sou eu
Seu poeta de candura,
Seu amante,
Minha fissura.
O amor
Que tu perdeu
Sou eu
Sou eu
Sou eu
Sou eu
Só seu
Apagou as portas
Fechou a luz
Do que tanto importa
Não era Jesus
Era um ateu nato
Um poeta magro
Carregando a cruz
Tocando viola
Pra surdos e cegos
Levou na sacola
Um futuro incerto
Bebeu a dor dos outros
Pra fazer canção
Matou de desgosto
O pai, a mãe e o irmão.
Caminhou no escuro
De um mundo são
Se matou no dia
Do fim
Desse sermão
Não deixou saudades
Nunca fez maldades
Nem nenhum milagre
Já até foi feliz
Chamado de louco
Se doou pra poucos
Se matou no dia
Do fim desse
Sertão
Ou menina dos olhos d'agua
Que mar tu carrega no olhar?
Será que já tem muitas magoas
Ou dores de um outro lugar?
Menina será que é salgada?
Que gosto será que tu tem?
Seu cheiro inspira
E esmaga
Os plano que fiz com alguém.
Ah será que da
No jorro
Da sua água
Pra tu ser meu bem
Ou será
Que seu peito é ocupado
Por uma moça
De muitos lagos
E não cabe mais ninguém?
Ou menina dos olhos d'agua
Que mar tu carrega no olhar?
Menina-mulher,
Eu ainda não sei o que te povoa
O que te move, o que ressoa
Pra onde voa
Com as asas que te dei de olhar?
As voltas que dou por ai
Antes eram em circular
Hoje são linhas retas
Feito setas
Sem alvo
Mas com a meta
De um dia te ver passar.
Estou no cio
Na noite do Rio
Sinto o frio
Do inverno que há em mim
Sim
Caminho ventre
No entre o entre
Quente
é o seu corpo longe
Onde
Ande
Antes do sol nascer
Queixa
Deixa
Essa dor morrer
Mora
Fora
Agora não me lembro
Anos
Planos
Eu sigo te querendo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Avô gigante

Quando pequena, eu tinha hábitos estranhos diz minha mãe. Perdia os óculos escuros que ganhava, acho que de propósito. Certo dia, minha mãe me perguntou com o seu jeito peculiar: "Tayana, onde é que você enfia seus óculos", respondi que não sabia, que não gostava muito deles, gostava do sol. Mas houve um dia que roubei os da minha mãe e fui para aula, havia chorado durante toda noite e estava com vergonha das marcas que as lágrimas deixam, quando chegam antes dos sonhos. Entrei na classe a professora pediu para que eu retiresse-os imediatamente, disse que não poderia, ela perguntou a razão e eu respondi: " é justamente por não querer que você saiba da razão que estou com ele", achei que ela ficaria brava e me expulsaria da sala, mas ela sorriu e me autorizou a permanecer com eles.
Eu também não pisava em poças d'agua, elas me causavam certa dor, acreditava que eram restos de choro de algum gigante que sofria por ali, eu acreditava em gigantes e não tinha medo deles.
No dia que entrei na biblioteca de meu avô, quando ainda tinha seis anos e aquele era um lugar só dele, fechado para visitação, me senti invadindo a casa de um gigante. Era um cômodo enorme, cheio de livros, com uma escada para gente pequeninha como eu conseguir alcançar a altura das prateleiras. Eu peguei aqueles livros, vários deles e resolvi construir uma casinha para mim, usava livros como parede, telhado, chão, fiz tudo com uma certa culpa, consciente de que aquele material de construção não me pertencia.
Quando meu avô adentrou a biblioteca e me viu ali, dentro da casa de livros, perguntou sério(como era sempre): O que está fazendo, Tayana? Eu, um pouco nervosa e com medo(eu tinha medo dele) respondi: "Uma casa". Ele morreu de rir, eu não consegui entender a razão da graça, mas fiquei aliviada, se ele ria é porque não era tão grave o que eu tinha feito. Então ele se sentou e falou comigo do lado de fora: "Eu também, sempre quis ter uma casa de livros", eu respondi: "Mas você já tem vovô, uma casa de gigante feita de livros". Neste momento ele me deu um longo abraço e falou: "De hoje em diante, esta casa também é sua, essa pequenininha que você fez, é o seu quarto. Livros são belas paredes, mas é preciso ler o que há nelas, para se viver nesta casa, você quer ler suas paredes?" e por último respondi: "Quero, agora eu entendo para que serve uma parede".

É meu avô, você me ensinou a ler as paredes, os muros, os limites e me fez acreditar que eles só existem para serem lidos e atravessados. Tenho orgulho de ti e sei que você terá de mim. Fica mais um pouquinho?

quinta-feira, 3 de março de 2011

atriz-eu

Cansada. Corpo dolorido, sono, olheiras. Falta de ar.
Meu dias começam ainda de noite e me dão de presente nasceres-de-sol, nasceres que respiro pela janela do meu carro. Vou para o meu oficio, de vidro aberto, música alta(sua voz) e vida pulsando.
Ando com o corpo mole, sou mais ela do que eu, embora sejamos nós.
Adoto ares blasé que sufocam minha identidade, trago a tona um personagem que nunca tinha visitado.
Os dias de férias foram reduzidos, ainda bem que você vem neles comigo. Depois de novo, deixo que outro lugar se faça, que outra trama comece, que outra vida me segue.
Mas a gente segue, talvez para um sem fim, talvez assim, como só a gente percebe. leve, leve amor, me leve.


Alma

Eu deixaria toda minha alma nesta caixa de entrada.
Arquiteto palavras
Para o seu olhar
Para movimentar o mundo
Que ainda não compartilhamos
Para inaugurar as conversas
Que nunca tivemos
Fico escolhendo palavras
Para compor os silêncios
Do entre eu - voc