quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Colo da mãe

Este cheiro de morte a prostituir meus sonhos,
me deito no ventre da mãe
Aquela que me carregava
Desde meu princípio
Em seu liquido amniótico
Hoje seca minhas lágrimas
Com dor mais intensa que a do parto
Estou partindo.
Paro fim do jogo
Aos 23 minutos do prmeiro tempo
Antes do gol
Sobra pra reserva
Alguma poesia
Para te fazer sentir meu cheiro
No meu travisseiro de infância
Confesso que por mim ficava
Mas essa vida tão bonita
Me expulsou de vez
De casa
Deu um nó na minha garganta
E vem roubando meu ar.
Essa tal da vida, não quer me ouvir reclamar
Logo eu que sou língua solta
Hoje me encontro rouca
Não por tanto berrar
Talvez porque um dia calei
Ou talvez eu não soube amar.
Hoje me perco nas letras
Que já não poderei te cantar.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Pra voce que não tem esse endereço

E eu corro no espelho de novo e repito cem vezes que não gosto de você. Não gosto de você. Não gosto de você. Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não agüento mais ninguém indo embora. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque, se você sentir urgência em mim, vai é correr urgente daqui. Chega!

Tati Bernardi

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Não me canso dela como sempre me cansava das outras. A tese das almas gêmeas é uma fraude, mas é verdade que há uma pequena percentagem de corpos incompatíveis, uma alta percentagem de corpos compatíveis e uma minoria de corpos feitos um para o outros. Quando se tem a sorte de encontrar esse corpo que se funde no nosso como o mar com o horizonte num dia de Verão, isso é felicidade.
Ines Pedrosa

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Meu peito aberto
Nao bate
A porta quando entrar
Ta todo mundo convidado
Para a festa de ser
Voce, eu, ele e ela
Cabe todo mundo
Sentado na janela
Que a minha paz
No colo vai deitar
E quem nao aguenta
O peso de ser feliz
Pode se leventar
(H)adeus
ou ate já?

domingo, 18 de dezembro de 2011

A separação pode ser o ato de absoluta e radical união, a ligação para a eternidade de dois seres que um dia se amaram demasiado para poderem amar-se de outra maneira, pequena e mansa, quase vegetal.
Inês Pedrosa
No tom de veludo,
De uma voz disfarçada de açúcar
No olho quase verde
Em discurso generalizado de amor...
Mora, no canto do sorriso triste
Da moça sem voz
Uma vilã
Que passeia por ai
Feito mocinha de novela das 18
Uma vilã que evita o conflito
E por não ser mito
E nem morar no drama
Cala no peito
As falas previsíveis
E os passos infalíveis
De um tabuleiro de damas
Mas cuidado, moço
Que loucura disfarçada
É feito criança malvada
E um dia te derruba da cama.
Hoje, eu acordei no chão.
Um sonho criando
Calos
No peito
Dos meus pés
Dançarinos

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Re-cordacpes

E voce acorda no meu adormecer
e amanhece a saudade no meu peito
O sonho que me evita na luz
Quando em vez voce me desperta
E me arranca seu gosto
Pra me provar
Que sempre seremos
Uma ligacao proibida
Numa madrugada
Molhada.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lá esta você
Na fila do teatro
Lugar melhor para te encontrar não há.
Você que eu nunca reencontrei numa festa gay,
Numa noite de sarau
Num bar, ou num café.
Mas na fila de teatro...
Como quando te vi pela primeira vez
Você e seus óculos
Descendo pelas escadas
Do Gláucio Gil
Você e seu enorme vestido preto
Deixando vazar a ponta vermelha
Do seu all star.
Você que parecia uma personagem
De filme francês.
Você que foi a mais inteligente
Das mulheres que amei.
Você que me fazia me sentir burra,
Boba, feia e mal atriz
Você que era imperatriz do meu corpo
A melhor atriz desse povo blasé, que sempre andou com você. E eu passava a noite com a cabeça no meio das suas pernas, lugar onde esquecia o seu tamanho e me fazia musa, engolindo seu gozo, pra depois ouvir vc cantando something, acompanhada do piano.Você que me apresentou Julio Cortazar, e me levava até a porta pelada, só pra eu não conseguir ir. Você que tem o bico dos seios rosas, as unhas dos pés tortas e que não sabe chorar. Você que é a única mulher que a minha Dona Maria gosta. Que levava os meus remédios de depressão na cama, só pra dizer que o melhor remédio pra mim era você. Você que parecia não se importar com a minha poesia, com as minhas questões, com as minhas coisas do dia. Você pra quem eu disse que nao queria mais, pois não podia mais amar sozinha, uma hora antes dos fogos da meia noite, uma hora antes de começar 2010. Você que enfim chorou ali e disse que me amava, que era apaixonada por mim, você que me pediu pra nao fazer aquilo, eu que fui orgulhosa demais pra te ouvir. Você que me expulsou de casa, e trancou a porta na minha cara e falou pra eu nunca mais voltar. Eu que segui te amando por quase mais um ano, sem te telefonar.
E agora você esta aqui, atrás de mim na fila, no mesmo teatro, com o mesmo óculos, os mesmos amigos e eu finjo não te ver. Você toca o meu ombro e com o seu meio sorriso me pergunta como estou:
T- Eu to bem e você?
K- Também
Você da mais um meio sorriso e volta a falar sobre Susan Sontag com os seus amigos de óculos. E eu tenho vontade de arrancar eles da sua cara e dizer pra todo mundo que você, que até você é passional e que porra, você me amou e que porra, eu te amei pra caralho e que puta que pariu eu sinto uma falta filha da puta de morar no meio das suas pernas, todas as vezes que te vejo tão blasé por ai. Mas eu viro pra frente e finjo que já passou. E o facebook não para de te sugerir pra mim, você que foi a única que nunca me bloqueou.

Meu presente

Eu te coloco na caixa
te embrulho pra presente
Mas te deixo no passado
Você fica preso
No quadrado da minha memória
Você é a surpresa que eu nunca abri
Os anos passam e você continua
No canto da sala
Onde costumava ficar a árvore de natal
E uma vez a cada doze meses
Quase te confundem e te abrem
Mas eu atenta não permito
Eu esperta não te ligo
ás vezes te ouço gritar
Outras me pergunto
Se morreu por falta de ar...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E então eu aprendi a querer só o que eu quero. Eu levei um tempão pra aprender isso.
E por quase sempre me falar em poesia, e por quase tudo me inspirar, quase todo mundo acha que eu estou querendo algo mais do que dizer.
E essa vontade de repousar minha cabeça no centro do seu peito, e dormir, e dormir e dormir...Até me esquecer no seu ventre, até você me parir. Essa necessidade de colo, prova nossa incapacidade de ser órfão de mãe.
O amor é sempre uma inauguração

E voce acabe de me abrir em portas.

rainha

Sambinha

Acorda(dor)
Do ventre da mulher
tum tum tum
Apaga(dor) dos caminhos
De outros zés
tum tum tum
Livre oh pai o peito dela
E lhe arranque o tal do retrovisor
Que essa moça tão bonita,
Antes só dela
Hoje anda tão aflita
A chorar.
Ela sonha toda noite com o Zé
E acorda amargando seu café
Acorda(dor)
Do ventre da mulher
tum tum tum
Apaga(dor) dos caminhos
De outros zés
tum tum tum
Ela inventa coisas pro que foi um dia
E tão cansada, não se permite a alegria
Eu te prometo oh meu pai
Talvez te jure
Não lhe peço
Por que a quero só pra mim
Mas essa moça que hoje
Murcha tão sozinha
Não pode ser,
Pra si
Menos que RAINHA!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mas ela vai voltar...vOLTOU

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vamos transformar?

Deixe tudo que for bom
Entrar
Deixe que o amor sabe se acomodar
Vem bailando
Essa nova canção
Um passo além do que é só paixão
Deixa meu colo te abrigar
Para além do que é proteção
Deixa a vida nos apresentar
O que o mundo não soube como chamar
Deixa o nome, deixa
Deixa o nome, deixa
Que o sol é o mi do lá
Deixa o coração, deixa
Ele sabe bem por onde andar
E se o medo for
E se o medo vir
Deixa ele passar também
Que a nossa troca
Vai nos transportar
Vamos para onde já não fomos
Vamos que não vamos mais parar
E o que vier desse encontro
Saberemos como nos cuidar
Por que um dia a sós nos inventamos
E agora, vamos transformar?

pASSarinha

Eu vou embora, agora.
Porque não há em mim
não há
Outro tempo verbal que não esse.
Vou assim
Jogando amarelinha
Com meu vestido rodado
De papel.
Que a minha pedrinha caiu no céu
Vou correndo,
Por que preciso de impulso
Para voar.
Passarinha que sou
Carrego o céu que trouxe de fora
Para as gaiolas do mundo
Arrebento a porta
E convido humanos para o voo
Mas só pode voar
Quem não tem medo de cair.
Os meus amigos tem asas levinhas
feitas de algodão
Que de tão leves vencem o peso do mundo
E ficam comigo
Sentados na praia
Assistindo o sol, beijar a escuridão
Que novela mais bonita que essa não há
Que meus amigos sabem dançar
Além do dois pra lá dois pra cá
E os meus amores, não sei
Os que vierem vão encontrar
Um abismo enorme
Para pular(há mar)

Mar de Ana

Eu te perco pro passado
Nao o outro, mas o nosso
Mal lavado
Nao a cara, mas a alma
Pro sorriso que em mim nasce
E assusta sua fase, lua.
Te admiro aqui debaixo
Que eu nao quero ser estrela,
O que brilha ja morreu
Faco as pazes
Com a falta
Aceito o seu nao me pertencer
Deixo que outros poetas te escrevam
Deixo que outras meninas te queiram
Deixo que voce nao volte, amor.
Deixo que nao me suporte
Pela minha falta de anos,
Pela minha fe cega nos planos
Pelos impulsos do agora
Por tudo que existe la fora.
Carrego um peito muito aberto
Nosso corpo eh um segredo
Que ninguem mais vai contar
E eh bonito ver a lua com tanto medo
De um mortal que nem pode voar.
Eu te perco pro passado
Nao o outro, mas o nosso
Mal lavado
Nao a cara, mas a alma
Pro sorriso que em mim nasce
E assusta sua fase, lua.
Te admiro aqui debaixo
Que eu nao quero ser estrela,
O que brilha ja morreu
Faco as pazes
Com a falta
Aceito o seu nao me pertencer
Deixo que outros poetas te escrevam
Deixo que outras meninas te queiram
Deixo que voce nao volte, amor.
Deixo que nao me suporte
Pela minha falta de anos,
Pela minha fe cega nos planos
Pelos impulsos do agora
Por tudo que existe la fora.
Carrego um peito muito aberto
Nosso corpo eh um segredo
Que ninguem mais vai contar
E eh bonito ver a lua com tanto medo
De um mortal que nem pode voar.

domingo, 6 de novembro de 2011

Tem gente que é gênio

“… levamos nosso choro adiante como uma lanterna, procurando por novas e esquecidas tristezas, aquelas que tinham morrido gentilmente anos antes, mas que não tinham morrido de fato e voltavam à vida com um pouco de água. Tínhamos amado pessoas que na verdade não deveríamos ter amado e então nos casado com outras pessoas para esquecer nossos amores impossíveis, ou tínhamos uma vez gritado alô para dentro do caldeirão do mundo e então fugido antes que alguém pudesse responder.”
(in É Claro que você Sabe do que Estou Falando, Miranda July)
E se for para amar de novo, que seja novo.

Pra quando Você chegar

Entre pela porta dos fundos
Da alma
Entra mansinho
E vê se não repara
A bagunça que fiz
Na minha "calma"
Entra, menino
E arruma o sofá
Os cantos cobertos de pó
E cantar
A torneira de lágrimas
Que não quer fechar
O armário de mágoas
Acabou de emperrar
Tá tudo virado
mofado
a dona menina
não sabe lavar
nem quer jogar fora
o que nela não da
o que serve em outra
ela não quer doar
Qual canção habita meus dedos
Dedilhando silêncios
Numa forçada pausa?
Componho respirações
Para as faltas do meu peito
Enxergo seu cheiro, nas ausências de mim
Esboço nosso corpo
Num desenho que não faço
Não esqueço
Não aqueço
Me desfaço
Cantar de água
Lagrima a lagrima
Borrando meus contornos
Ausência de pautas
Sou folha branca em todo
Escrita torta
Busco a porta
Que me leve
Ao meu encontro
Que me lave
Que me livre
Estes dois pontos
Acompanhando o meu ponto
São os culpados
Pelo não fim dessa paixão.
Sentimento vira água
Eu caminho por ladeiras
Caem gotas sobre pedra
A poeira, entre magoas
Ou só dor
De se perder
Vem o sol e leva a lágrima
Ela mesma vira nuvem
Que do céu em mim
Desaba.
Eu me sento na janela
Faço do meu vestido abrigo
Observo a queda delas
Quando avisto
Lá no cinza
A história de nos dois.
Corro suja pela lama
Abro os olhos para cima
E resgato a mim de volta
A história mais bonita que vivi.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Você tinha pedido para eu te ensinar, quando parasse de gostar de você, não sei se vou saber, e você deve ter aprendido sozinha, mas eu escrevi o processo:

Eu pensava em você sempre, antes de dormir, quando acordava, quando fazia cocô, quando beijava outra mulher, quando me masturbava, quando.Teve um dia que eu tava amarando o cadarço e eu não lembrei de você, depois eu tomei uma sopa e não lembrei de você, só lembrei de você antes de dormir. Teve um outro dia que eu fui malhar e não lembrei de você, fui ver um filme e ele não parecia ter sido feito pra você, e eu cocei o nariz e não lembrei de você, mas o maior de tudo, teve um dia que eu escrevi um texto bom, muito bom e não lembrei de você, e não senti vontade de te mandar, e não foi sobre você, e depois escrevi um ruim, que também não me lembrou você, na falou de você e eu também não quis te mandar. E hoje eu lembrei de você, lembrei que não te amo mais e o quanto você é estranha pra mim. Imaginei que tinha te visto andando por uma rua a pé, e que olhava para você como se você fosse completamente outra, e os homens olhavam pra você e te reparavam, e eu fazia como eles, nesse dia eu te segui até você entrar numa casa, não, uma casa não, na sua faculdade, e eu esperei você sair e você ficou ali fora conversando com os seus amigos, esses que eu não conheci e que nunca foram nossos amigos, e vivendo uma vida sua que não me cabia mais, e eu fiquei horas ali, gravando aquele momento. Você lia uma folha e alternava o seu olhar atento com a folha e as conversas, e dizia coisas que eu não sabia, e vivia uma vida que não me compartilhava. Neste dia eu percebi que eu já não te conhecia mais, que eu não me reconhecia mais em você e que talvez, tudo que eu vivi e senti por você, na verdade...Não sei, como se tivesse fugido o momento passado e no presente você não trazia traços de.Neste dia eu sai dali, mesmo querendo ficar mais, e fui andando pra casa e tentando resgatar você em algum ponto da minha lembrança, em algum lugar de dor, ou de sexo, ou de. Mas eu não consegui, eu só lembrava daquela estranha, cuja qual eu estranhamente tinha seguido por toda rua e observado por quase um dia inteiro, uma estranha que eu não poderia ter visto antes, nem passando, nem em sonhos. E nesse dia, eu pensei: eu poderia um dia gostar daquela mulher que assisti, ela é interessante, parece feliz, sim eu poderia. Mas nunca antes eu havia visto e não tenho garantias de que verei de novo. Eu não gosto mais de você, entende? É que eu nem sei quem você é. Você que quis fazer de mim um segredo, um segredo culpado, vergonhoso, feio, um segredo malvado, com alto potencial de periculosidade, e eu ? Eu acabei me tornando o escancaramento do exato aquilo que você escondia.

domingo, 16 de outubro de 2011

L: É que ás vezes você me olha de um jeito que parece que tá tentando roubar a minha alma.
T; Eu to.
L: E oq você pretende fazer com ela?
T: Apresentar pra minha.
L: Esses nosso diálogos... ás vezes acho que a gente tá fazendo um filme.
T; Ás vezes eu acho que já te amo.
L: Eu também, mas ás vezes. Ai que medo.
T: Eu vou publicar essa conversa no meu blog.
L: Eu vou querer os direitos autorais.
T: Da minha vida?
L: Não, dessa publicação do blog.
T: Ah droga!
L: Vc queria q fosse da sua vida?
T: Eu ia achar lindo escrever a minha vida a quatro mãos, nem ligaria em dividir os créditos.
L: Para!! Você não pode falar essas coisas assim, sem ter preparado. Você já falou tudo isso antes para outra pessoa, né?
T: Não. Agora, nunca teve outra pessoa.
L: Tá, eu te amo.
T: E o que a gente faz com isso?
L: Namora comigo?
.........

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Vc tentou fazer de mim um segredo, um segredo feio, vergonhoso e eu acabei me tornando exatamente aquilo q vc escondia.

Um nascimento e uma morte


Um barquinho

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Decepção é uma palavra estéril pra mim...até que me aconteça.Porque às vezes ela nos faz desvalorizar uma pessoa inteira por causa de uma única atitude.E quando se é tomado pelo emocional, dificilmente se consegue refletir, quem dirá por esse ângulo.

Eu conheço todas as fases de uma decepção: raiva, mágoa, tristeza, melancolia e depois um tipo de amor ferido escondido embaixo dessas quatro pedras. Quando você se permite viver a coisa toda, ela vai sendo descascada como uma cebola desnudada de suas peles até que só reste a libertação. Não digo a libertação da indiferença, aí ainda restaria mágoa, defesa...É mais profundo, é mais interessante...É a compreensão. Você, depois de se permitir o luto total, consegue enxergar que o outro não é mau, que você não é vítima, que tudo não passou de um triste encontro desencontrado, cheio de conseqüências...Que ele caberia direitinho na história de um outro alguém, não na sua. Mas escolher lidar com isso de uma maneira mais madura, é o único bem que se pode fazer, não pelo o outro, mas por si próprio...E a conseqüência disto, acaba sendo um bem duplo..." Marla de Queiroz

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Trituramos o amor, descosturamos toda remenda,
Vestido rendado, bonito que era
Pra mim, só pra mim
Mentira pra ela, mas tudo bem
Foi bom assim, mesmo que só pra mim
Trituramos tudinho
Até ficar sem conserto
Até não restar nem caquinho
Pedacinho que podia vir a ser
Uma amizade
Uma vontade de compartilhar sorriso
Só isso, que era muito
Para um resto de amor,
Que não restou
Não sobrou nem saudade,
Maldade
Jogamos na cara do mundo
Os nosso poços profundos
Imundos ficaram
Os que nunca quiseram mergulhar
Você me propagou pelos cantos mudos
De um mundo que eu nem frequento.
Você me apelidou de antagonista do mundo
De um mundo que eu nem entendo.
Remendo, retalho, costurinha de avó
Disso eu entendia bem
Até vir você,
com sua maquina de desabraços
e arrebentar meu cansaço
para longe do que
Concerto
Sinfonia de silêncios
Para longe do que
Do você
Que um dia foi em mim
Muito mais do que mais alguém
Do que ponto,
Do que....
Para longe de você
Que um dia foi meu bem.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Eu quero que dê certo, não estraga, por favor. Não estraga, não estraga, não estraga. Posso pôr um post-it na sua carteira? mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece no olho mágico da minha porta. Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço."
Tati Bernardi

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Quanto finais cabem no fim? Perguntou o menino ao seu avô.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A NOITE/I
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.

(Eduardo Galeano in Mulheres)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Eu vou partir pra longe desse júri caótico,
Eu vou partir para longe desse júri
Covardes, não me contam minha sentença
Espalham meus crimes nas ruas,
nos becos,
Vielas,
Esquinas,
Nos medos
Medo.
Nunca na minha cara,
Todos os crimes
Crimes que eu esqueci de cometer.
covardes juízes, de uma lei que não aprendi
Covarde advogada que me conta a sentença
Mas me proíbe de questionar o júri
Covarde mulher
Que ama o homem, mas não fica com ele
Porque ele é o vilão.
O vilão corajoso num mundo de covardes.
O antagonista do mundo.
Covarde mulher que vai chorar a vida
No colo do mocinho
Aquele rapaz sorridente
Que passa os anos
Fugindo do conflito.
Sem drama.
A vida me pesa
para fora deste cenário
De uma humanidade burra
De ensino superior
Que nunca pagará o meu salário.

domingo, 25 de setembro de 2011

Céu

Do céu da boca
Despencam estrelas
Salíva
Baba
Sua língua me salva
Num beijo.
Você é a barca,
Você é a ponte,
Você
A única travessia
Para as
ILHAS PERDIDAS DE
mim.
Queria pôr
A pequenina moça
No centro do colo
Acarinhar seus cabelos
E beijar a boca de açaí
Boca de açaí com pinta
Mas fui eu quem
Pôr-do-sol no ventre
De tal pequena paisagem
Fui eu quem
Se pôs a morrer
Nas lacunas do confuso
mar-vermelho-sangue
Que inundam o quadro-ela
E chocado em uma pedra
Despertei admirado
Por um novo amor
Que divide com aquela
A mesma cidade
De barcas e índios
E o mesmo signo
De águas e barbatanas.
Mas que é tão copletamente outra
Que me sorriu
Um amor sem nome de.
E que é a única
Peça-de-roupa
Que eu visto em meu exílio.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A parte que sou
Nao faz parte do todo
Sento e vejo o mundo
O mundo nunca me viu
Eu me vi em muitos
Sem sentido pro tudo
O nada que trago
Me traga ate o impuro
Do sujo que derramo em lagrimas
Me parto ao o submundo
Sou um poço de vontade de nada.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Clarice!
http://www.youtube.com/watch?v=Yj4nb50aOZs&feature=fvst

A menina menino

Ela cuida do estoque de dois cafés localizados na saída das barcas, um no rio, um em Niterói. Ela gosta de livros de menino, o seu preferido é Harry Potter e ela ri perplexa, toda vez que flagra um ângulo Hermione em mim. Ela tem o cabelo preto e curto, as unhas curtas e nunca feitas, ela dorme de samba-canção e usa roupas de menino. Antes de dormir e quando acorda comigo, olha boba e risonha para mim, de um jeito que só um menino olharia, de um jeito que só um menino pré-adolescente olharia. Ela me olha como se eu fosse uma mulher, ela que é tão mais velha do que eu. Nessa hora me sinto uma mulher, uma professora que se encantou pelo aluno bobinho e está brincando com ele de descoberta. Ela me quer o tempo inteiro, ela largaria os cafés para ficar comigo o dia inteiro. Mas ela não imagina, ela nem supõe quem de fato sou, para onde vou e eu não posso contar. Ela não entenderia, ela que por encanto não houve uma palavra que digo, que se arrepia feito um menino na puberdade com cada movimento sedutor que eu faço, jamais poderá ser aquela a ler meus diários, a flagrar minha escuridão, a dançar valsa com a minha loucura. Mas ela tem sido minhas férias, minhas férias dessa profundeza de gentes que sou, ela pode ser minha festa de fim de semana, pode ser minha pausa de dedos, pode ser a minha versão novela, a minha versão best seller, a minha versão música pop... Pode ser o meu fiel para eu brincar de deusa, uma deusa boba e embriagada que faz o que bem quer com a sua criação. Ela pode ser um descanso de mim, e sim, eu quero isso, e dessa vez, mais do que nunca, eu quero só agora.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Comer, rezar, amar...

É que eu também leio best sellers ás vezes. E cara, você pode rir, mas eu me identifiquei com isso pra burro!


Para ter problemas com limites, é preciso primeiro TER limites, certo? Mas eu sou inteiramente tragada pela pessoa que amo. Sou como uma membrana permeável. Se eu amo você, eu lhe dou tudo que tenho. Dou-lhe o meu tempo, a minha dedicação, a minha bunda, o meu dinheiro, a minha família, o meu cachorro, o dinheiro do meu cachorro, o tempo do meu cachorro - tudo. Se eu amo você, carregarei para você toda a sua dor, assumirei por você todas as suas dívidas (em todos os sentidos da palavra), protegerei você da sua própria insegurança, projetarei em você todo o tipo de qualidade que você na verdade nunca cultivou em si mesmo e comprarei presentes de Natal para sua família inteira. Eu lhe darei o sol e a chuva. Darei a você tudo isso e mais, até ficar tão exausta e debilitada que a única maneira que terei de recuperar minha energia será me apaixonar por outra pessoa. Não é com orgulho que revelo esses fatos sobre mim mesma, mas é assim que sempre foi. O que sei é o seguinte: estou exausta com as consequências cumulativas de uma vida de escolhas apressadas e paixões caóticas.


-O problema é que você não consegue aceitar isso, que esse relacionamento tinha um prazo de validade bem curto. Você parece um cachorro cheirando lixo, baby... fica lambendo uma lata vazia, tentando tirar mais comida La de dentro. E, se você não tomar cuidado, essa lata vai ficar presa no seu focinho pra sempre e tornar sua vida infeliz. Então largue isso.”


Eu o amava e não conseguia suportá-lo, em igual medida(...)"Eu não queria destruir nada nem ninguém. Só queria sair de fininho pela porta dos fundos, sem causar alvoroço nem conseqüências, e depois só parar de correr quando chegasse à Groenlândia."

Fernando Pessoa

"Loucura


Fito-me frente a frente

E conheço quem sou.

Estou louco, é evidente,

Mas que louco é que estou?

É por ser mais poeta

Que gente que sou louco?

Ou é por ter completa

A noção de ser pouco?

Não sei, mas sinto morto

O ser vivo que tenho.

Nasci como um aborto,

Salvo a hora e o tamanho."
F.P
Peço perdão pelas últimas grosserias, pelos últimos arroubos, pelo desrespeito, por não me controlar! O fim do amor é um processo longo e vicioso, e te expulsar, foi a única forma de nos libertar. Te encontro ali na frente, com um sorriso convite, onde o mundo permite o nascer do que é leve.

trecho

‎"Eu prometo te amar um novo amor por dia, eu prometo me deixar ser visto e prometo olhar com olhos interessados para todas as infinitas vocês que você é, prometo dançar valsa com a nossas diferenças e fazer estrelas com as nossas discordâncias. E se por fim, um dia eu deixar de te amar, eu prometo te deixar ir." disse ele. "Mas eu só queria que você fosse eu" respondeu a moça, o rapaz então partiu, carregando-se.
presente

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dostoiévski teve uma premonição e eu captei.

Obrigada por ser parte de cada letra que minha filha recebe:
"(…) Bem, não sei se acreditam: exigem total falta de personalidade, e nisso encontram o próprio prazer! A gente tem de arranjar jeito de não ser o que é, de parecer o mínimo possível consigo mesmo! Entre eles é isso que se considera o mais elevado progresso. Se pelo menos mentissem a seu modo, no entanto…

- Escute – interrompeu timidamente Pulkhéria Alieksándrovna -, isso só pôs lenha na fogueira.

- E o que a senhora acha? – gritou Razumíkhin, levantando ainda mais a voz. – A senhora acha que estou a favor de que eles mintam? Absurdo! Eu gosto quando mentem! A mentira é o único privilégio humano perante todos os organismos. Quem mente chega à verdade! Minto, por isso sou um ser humano. Nunca se chegou a nenhuma verdade sem antes haver mentido de antemão quatorze, e talvez até cento e quatorze vezes, e isso é uma espécie de honra; mas nós não somos capazes nem de mentir com inteligência! Mente pra mim, mas mente a teu modo, e então eu te dou um beijo. Mentir a seu modo é quase melhor do que falar a verdade à moda alheia; no primeiro caso és um ser humano, no segundo, não passas de um pássaro! A verdade não foge e a vida a gente pode segurar com pregos; exemplos houve. E hoje, o que nós fazemos? Todos nós, todos sem exceção, no que se refere à ciência, ao desenvolvimento, ao pensamento, aos inventos, aos ideais, aos desejos, ao liberalismo, à razão, à experiência e tudo, tudo, tudo, tudo, ainda estamos na primeira classe preparatória do colégio! Nós nos contentamos em viver da inteligência alheia – e nos impregnamos!"

Dostoiévski teve uma premonição e eu captei.

Obrigada por ser parte de cada letra que minha filha recebe:
(…) Bem, não sei se acreditam: exigem total falta de personalidade, e nisso encontram o próprio prazer! A gente tem de arranjar jeito de não ser o que é, de parecer o mínimo possível consigo mesmo! Entre eles é isso que se considera o mais elevado progresso. Se pelo menos mentissem a seu modo, no entanto…

- Escute – interrompeu timidamente Pulkhéria Alieksándrovna -, isso só pôs lenha na fogueira.

- E o que a senhora acha? – gritou Razumíkhin, levantando ainda mais a voz. – A senhora acha que estou a favor de que eles mintam? Absurdo! Eu gosto quando mentem! A mentira é o único privilégio humano perante todos os organismos. Quem mente chega à verdade! Minto, por isso sou um ser humano. Nunca se chegou a nenhuma verdade sem antes haver mentido de antemão quatorze, e talvez até cento e quatorze vezes, e isso é uma espécie de honra; mas nós não somos capazes nem de mentir com inteligência! Mente pra mim, mas mente a teu modo, e então eu te dou um beijo. Mentir a seu modo é quase melhor do que falar a verdade à moda alheia; no primeiro caso és um ser humano, no segundo, não passas de um pássaro! A verdade não foge e a vida a gente pode segurar com pregos; exemplos houve. E hoje, o que nós fazemos? Todos nós, todos sem exceção, no que se refere à ciência, ao desenvolvimento, ao pensamento, aos inventos, aos ideais, aos desejos, ao liberalismo, à razão, à experiência e tudo, tudo, tudo, tudo, ainda estamos na primeira classe preparatória do colégio! Nós nos contentamos em viver da inteligência alheia – e nos impregnamos!

Trecho solto do meu romance; Poemas invisíveis para amores inexistentes

"Preciso contar um segredo. Eu vejo fantasmas que nunca viveram, eu vejo amores que nunca nasceram." Revelou aos prantos agarrado em minhas pernas. Então aquele homem enorme podia chorar e eu não?

Por Marguerite Duras

"O choro a acorda. Ela te olha. Olha o quarto. E de novo ela te olha. Acaricia a tua mão. Ela pergunta: Você chora por quê? Você diz que cabe a ela dizer por que você chora, que ela é que deveria saber.

Ela responde baixinho, com doçura: Porque você não ama. Você responde que é isso.

Ela pede a você que lhe diga claramente. Você lhe diz: Eu não amo.

Ela diz: Nunca?

Você diz: Nunca.

Ela diz: O desejo de estar prestes a matar um amante, de guardá-lo para si, só para si, de arrebatá-lo, de roubá-lo a contrapelo de todas as leis, de todos os impérios da moral, você não sabe o que é isso, você nunca soube?

Você diz: Nunca.

Ela te olha, ela repete: É curioso um morto."
Foram unidos na igreja, pelo apego, pela vontade de parecer feliz, pela cobrança dos amigos, pela cobrança da família, pela cobrança do mundo.Foram feitos um pro outro, ou melhor não eram outro, eram a mesma pessoa, a mesma coisa. Foram unidos pela doença, pela posse, pelo medo de ser um. E no fim do sermão, eu os disse: Os declaro marido e mulher, até que a saúde os separe!
Debruço minha solidão em
brancos de folhas
As deixo passear
Em negras letras
Como os corvos
Sobrevoa o cinza do céu
E volta
Sempre volta
ás vezes acompanhada
De uma outra solidão
ás vezes de mãos dadas
Mas sempre minha.
O escritor
É o ser mais solitário do mundo!

sábado, 17 de setembro de 2011

O meu orgulho não vai deixar,
Eu ligar chorando pra você
O meu orgulho não vai deixar
Eu te contar que te escolhi
Mas a verdade meu amor
É que:


"Se É Tarde Me Perdoa
Se é tarde me perdoa
Mas eu não sabia que você sabia
Que a vida é tão boa
Se é tarde, me perdoa
Eu cheguei mentindo
Eu cheguei partindo
Eu cheguei à-toa
Se é tarde, me perdoa
trago desencantos
De amores tantos pela madrugada
Se é tarde me perdoa
Vinha só cansado"
Leila Pinheiro

P vc

A vida é toda um processo de demolição. Existem golpes que vêm de dentro, que só se sentem quando é demasiado tarde para fazer seja o que for, e é quando nos apercebemos definitivamente de que em certa medida nunca mais seremos os mesmos.
Scott Fitzgerald!!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Eu tive uma namorada que tinha carocinhos no pescoço, no começo ficava muito preocupada com ela. Depois eu descobri que os carocinhos eram poemas não escritos, aqueles que ela acumula por preguiça perto da orelha que ouve muito. Aqueles que ela deixa bem preso na garganta, ou nos dentes cerrados quando os mesmos insistem em querer fugir. Hoje sei que ela adoesce por palavras sem ar, as que sufocam em meio a saliva.
Esse caroço poderia um dia ter sido poema,
Assim como ela poderia um dia ter sido a mãe dos meus filhos,
Mas não foi
Assim como a poesia
Nunca foi dita.
Prisão de ventre é prosa em branco.
Um brinde a coragem
"Ser corajoso (...) é uma oportunidade que mais cedo ou mais tarde se apresentará a todos nós."
John Fitzgerald Kennedy
Eu tenho a estranha mania de sentar sozinho em lugares que normalmente se vai acompanhado. sento em bares, restaurantes, cafés, cinemas, ruas. E fico ali, parado, observando os corpos, as vidas, as vozes, as histórias, fico tentando adivinhar os destinos dos desconhecidos, ás vezes sorrio para eles, dou tchau e a recepção disso é sempre muito variada; alguns retribuem, outros ficam olhando para mim, procurando lembrar de onde me conhecem, outros olham para os lados para conferir se me enganei, outros seguem seus caminhos e me ignoram completamente. É que eu sempre gostei muito do poder dos ouvidos, eu adoro escutar, e faço isso com outras partes do corpo que não só as orelhas, escuto com os olhos, com as mãos, com os pés e até mesmo com a minha respiração. Escutando eu aprendi um bocado de coisas, mas constatei durante minha vida, que poucas pessoas de fato conseguem isso que para mim é tão natural. Vejo pessoas falando, falando, falando, falando delas, de suas vidas, de suas dores, de seus medos, mas não conseguem escutar o som da própria voz ecoando no espaço.

Trecho solto do meu romance; Poemas invisíveis para amores inexistentes

Eu ficava observando da minha janela a vida estranha de meu vizinho Tobias, eu só sabia que assim se chamava ele, porque ouvi o porteiro do meu prédio dizendo que a correspondência era para o senhor Tobias do 804. Ele tinha cabelos brancas e uma barriga dura e grande. Passava os dias entre livros e pantufas, nunca vi Tobias comendo, tomando banho, conversando. Só via Tobias entre livros, cartas e pantufas. Ele tinha um mar de cartas em seu apartamento, e elas ficavam espalhadas por toda a extensão da sala de Tobias.
No dia que Maria olhou nos meus olhos e sem nenhuma lágrima, e sem nenhuma dor me disse(Maria, aquela que costumava se debulhar em água nos meus braços toda vez que eu precisava viajar a trabalho): "Eu já não te amo mais, Érico." Eu tive certeza que dessa vez era o fim. Eu não entendo muito de amor, mas sei que quando esse acaba, é definitivo, embora tivesse acredito durante toda minha vida que tal sentimento fosse incapaz de morte. Embora acreditasse que ele era um talentoso sabotador de assassinatos. Eu nunca deixei de amar nenhuma das três mulheres que amei, embora... Mas não, naquele dia bebi um imenso gole de rejeição e sentindo aquele seco me enxergar, tive certeza que Maria não me amava mais e nunca voltaria a me amar. Eu me fiz de forte naquele momento, não podia me desfazer do meu papel de macho. Disse a Maria que tudo bem, que talvez eu já não a amasse mais também(o que era mentira obviamente), foi quando Maria, ternamente olhou para as minhas mãos edisparou em um monólogo terrível; "Eu gostaria de me tornar sua amiga, sabemos muito um do outro, estivemos juntos por muito tempo e eu sinto um carinho profundo por você. Não quero te arrancar da minha vida, você é importante." Neste ponto da conversa eu não aguentei, não dei conta de tamanha crueldade, e por mais que eu fizesse uma força enorme para me manter em minha pose, esta que havia mantido durante os cinco anos que vivi ao lado de Maria, por mais que eu gritasse para o meu corpo inteiro para não autorizar o desabamento daquelas incabíveis gotas de olhar, por mais que...Neste momento eu comecei a chorar feito um menino, e não sabia o que fazer com os braços, neste momento acreditei que Maria me abraçaria em meu socorro, como sempre fiz por ela, embora isso fosse me deixar ainda pior. Mas não, Maria se retirou da minha casa e me deixou ali. E me deixou, e pela primeira vez eu havia sido deixado, e pela primeira vez eu. Eu arrumei minhas coisas naquele dia mesmo, fraco e cansado, decidido que aquele era o momento de me tornar um grande escritor, que nada mais iria me amedrontar ou roubar minha inspiração, eu fari como Fernando Pessoa, assumiria a minha liberdade de solidão e deste dia até o dia que eu escrevesse um romance que realmente prestasse, eu ficaria exilado deste mundo de humanos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A solidão volta
Sem sol maior
O mim menor
Ela, amiga de velha estrada
Malvada, perversa
Fim eterno das namoradas
E segue só
Feito o pó de Fante
E segue só
A diante adiante.
O que me vale a inspiração
Essa dor sem começo
O único meio
De tornar útil
O molhar do travesseiro.
Partida de times
Não adversários
Jogo findado,
Por falta de arbitro.
cansou de fazer poemas invisíveis para amores inexistentes. ou; poemas inexistentes para amores invisíveis.

A novidade

Botei na conta,
Na ponta
Do lapís que não escreve
Destino sem encontro
Torta por paixão
Sabor sem chocolate
Me retiro, me destrate
Não escolho o que já foi
Que passe a peça
Cheque-mate.
Me entrego ao que me invade
Do gigante que em mim nasce
E que pode ser o tal.
Não arrisco a novidade
Por um velho amor-pagão.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Merda feita,
Perder o amor
culpa consumindo
Avesseo, dor, rancor.
Coloquei em duvida
O que ainda seremos
Morri um pouco
Enquanto nos
Apenas amanhacemos.
Nem nasceu ainda,
Este que poderia ser gigante,
Mas insistirei em colocar no mundo
Esse que em mim já existe
Profundo.
Perdão, canção, solidão
No quero nos perder
Por um velho-amor pagão.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Orgulhoooooo
Eu come over sim!
Poesia concreta
http://www.youtube.com/watch?v=y3TBAeOWaWE&feature=related

Morena

Nossas bocas se econtram
Enquanto contemplamos
Esta explosão de girassol
Enquanto escutamos
O mergulhar do sol
Da janela do seu quarto
E meu corpo branco
Passea pelos morenos
Do seu
Enquanto a lua nasce
Encantada,
Pelas nossas mãos.

sobre As Horas

‎'Essa coragem que me cega as dores
linda estação de lavrar os amores
Melan-alcoólico jeito de perder as flores
rasgo dom com o suicidar das cores
A vida em preto e branco.'
Caio Sóh
"Pra que buscar recaídas
Reviver o drama
Mexer na ferida
Por onde se engana o coração
Se encontra a saída pra vida.
Tempo de ver que É maldade,
martela as horas, no chão da saudade.
Embora agora a contradição
O tempo que pôs essa dor nessa conta,
É quem desconta, passa e te aponta
O ponto de sorrir...
(..)
E mais
Soltar gargalhadas
Deixar pra trás
O que entristece
Desce
Deusa!

http://www.youtube.com/watch?v=3ZOPZKhDmRw

segunda-feira, 12 de setembro de 2011


Minha caligrafia!

domingo, 11 de setembro de 2011

Os restos. E as fantasias de vc

No inicio do ano estava eu tirando dinheiro no caixa eletrônico de um posto, estava com duas grandes amigas que moram em Los Angeles. Uma menina estava na nossa frente, ela usava um chapéu preto, uma jaqueta de couro preta, uma pulseira prata, meia calça preta e botas marrons. Nos olhos um riscado fino de rímel que se estendia para além do olho.Ela tinha um cabelo bem curto e uma tatuagem de caveira e outra com o símbolo do banheiro feminino duplicado. Aquela mulher me causou uma sensação estranha.
Na sexta passada(estamos em setembro)estava em uma festa "hipster" numa velha fábrica desativada, que agora serve de ateliê para alguns artistas contemporâneos, quando cruzei com uma menina, esta menina vestia a mesma roupa, o mesmo chapéu preto, a mesma meia, a mesma bota, a mesma tatuagem de banheiro feminino e o mais estranho; o mesmo risco de rímel fino que se estendia para além dos olhos, mas essa menina tinha o cabelo mais longo, não tinha a tatuagem de caveira e sei lá, eu preferia acreditar que elas não eram as mesmas. Cruzei com essa mulher quando ela entrava no ateliê da artista que me convidou para tal festa, derramei um pouco de cerveja quando nos cruzamos, mas ela não me viu, assim como de certa forma eu também não a vi. Não nos cumprimentamos, eu e a mulher de preto. Mandei uma mensagem para ela e a minha garota quis ir, pois tinha uma reunião no dia seguinte, fui com ela até a casa que ela dormiria aquela noite, no minuto que ela entrou no banho recebi uma ligação. Voltei para a fábrica, porque na manhã daquele dia tinha descoberto coisas que ameaçavam fortemente um bonito sentimento que eu nutria por alguém daquela festa. Cheguei lá e vi a menina de preto, olhei profundamente para ter certeza de que de fato ela era ela, era, mas não mais.
Você se defendeu com escudos no nosso semi-encontro, endureceu e buscou com afinco a indiferença, no tanto faz do possível abraço. (Eu fui, herói-romântico que sou, sem espadas, sem escudo, corpo limpo e coração aberto. Fui por não querer deixar o amor ficar doente de raiva, por não querer acreditar na sua covardia)Você bloqueou o meu espontâneo, quando percebi que de certa forma, me enxergava como uma ameaça a sua integridade. Condecorou meu amor de maleficio. Me calei em palavras de senso-comum, me deixei ser a boba da corte, única maneira de não chorar ali, diante de alguém que passo a passo, ia se tornando uma completa estranha. Eu vi meu amor morrer diante da menina fantasiada de outra, diante da menina de rímel de risco fino.Reparei que aquele rímel tinha mudado também seu olhar, tinha virado esconderijo, fiquei engasturada, com uma vontade tremenda e vergonhosa de me esconder em uma daquelas obras de arte, queria naquele momento deixar de ser autor. Eu vi meu amor morrer da forma mais banal possível e cheguei a duvidar de que um dia ele tenha nascido, mas nasceu, pobre amorzinho. O único erro que pra mim é sem perdão é a tal da covardia, eu acredito na criação, mas a negação me espanca, me humilha. Eu nasci com a genialidade dos loucos e por consequência com a loucura dos gênios.


PALAVRAS MEDIANAS
Em que posto de altar se colocou, oh divindade, para dizer que nasci no intuito único: carregar pobres almas para o inferno? Me acusou de ladra de segredos, de farsante, de falsária. Condenada eternamente a podridão de mim mesma. Me disse sem alma, sem interesse de evolução, vilã nada complexa, sem humanidade, ou paixão.Sou obra de um autor maniqueísta? Sou os olhos de um predador sem compaixão? Oh ingenua divindade, você que acata as decisões de sua deusa, e como uma anja condutora dá o recado, será que em algum lugar dessa pobre e esmagada personalidade, existem ouvidos capazes de olhar para as gamas todas que ofereço? Nem por um dia fui tal lobo em fúria, nem por uma hora, talvez por alguns segundos, eu tenha mordido a presa, mas vendo o sangue preferi morder a mim, para receber igual dor, do que devora-lá, ali mesmo.é triste anja, ter que te dizer, que todo este amor e devoção que você pensa ter por sua deusa, é apenas a sua covardia, é apenas seu medo em perder suas penas e suas asas, estas que apesar de ter, você nunca usou, mas teme um dia precisar. Isso que você sente por mim, essa que você colocou de demônio, isso que é ruim, sem valor, sem amigos, é exatamente o que você vai pensar antes de dormir e vai duvidar do que a deusa te diz, e vai querer correr, sem veste, nua e se jogar em cima de mim e me ouvir gritar mais uma vez e pensar em jogar fora essas asas q não te servem, e pensar que este paraíso de bandos é na verdade o inferno, e vai pensar que o meu gozo é o sumo do céu e vai acreditar que em algum momento poderia ter sido politeísta, poderia ter sido deusa comigo. Vai lentamente ceder ao sono vai acordar de novo com medo, e esquecer o que pensou dormindo sozinha, e vai escolher por mais um dia, ser o capacho de sua deusa e vai escolher por mais um dia me colocar de algoz. E eu, oh divindade, eu acredito em inexistências, nos silêncios ensurdecedores que elas fazem...Eu deixei de te amar no dia que notei que não voa por medo, no dia que toquei suas asas, no dia que entendi que você prefere ser a sombra de um deus, do que qual quer coisa que te tire desse lugar, onde bando é sinal de bom-caráter.
E sim, deixar de amar é algo terrivelmente definitivo. Eu sou incapaz de amar duas vezes a mesma mulher.
Sertaisis

Paixão,
novinha-folha,
Para eu rabiscar
Com os meus pequenos poemas
Estes de menina mimada,
Que não respeita o emprego
Das vírgulas e dos acentos
Pele onde encosto minha caneta
Corpo-desconhecido
Um mundo inteiro
Para ser descoberto
Com o nariz
A ponta dos dedos
O meio da língua
O inteiro do sexo.
Me perfumo para te escrever
Sinto o cheiro da gente
No meu quarto
Na ponta dos dedos
No meu carro
No meu chuveiro.
Meu banho tem seu cheiro.
Prometo não te falar dos amores passados
Esses que não nos cabem
Não amanhecerei ontens
No nosso sol.
Me entrego inteira
Sou agora e só.
Vc bateu, bateu, e eu não atendi, não quis abrir. vc arrombou a minha porta.E agora que já tá aqui dentro eu não quero que saia nunca mais.

sábado, 10 de setembro de 2011

Para bom entendedor

O fato de eu não andar em bando não significa que eu não tenha amigos, mas deixa claro que eu preservo ainda, alguma solidão.


Ps; Um bando de gente curtiu isso no facebook, de repente isso é um sentimento coletivo.

Para aquela que é renascida

Ter deixado de te amar é mais triste do que ser deixada, ter olhado nos seus olhos e não reconhecer mais a moradia de minhas saudades, doeu mais do que toda dor que você já me causou. Sentir a minha indiferença para com o nosso carinho, esbarro minha carne-viva e sangrou este amor nati-morto. Não te amar mais é te olhar feito estranha e não conseguir entender porque tanto te amei, é não entender a efemeridade do meu corpo, é me assustar com a rapidez da partida.Queria ter dito, por último que se fantasiar é legal, mas se fantasiar da pessoa que amamos é a receita do fracasso, a simbiose é a receita do fracasso e disso eu entendo muito bem, de fracasso e simbiose.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Talvez em algum sonho em sépia você ainda apareça. Nos meus labirintos ou na hora da aula chata. Quem sabe, nos encontraremos em algum show inusitado e eu deixe você segurar meu guarda-chuva. Ficaremos à toa, em um banquinho qualquer, matando a faculdade sem pensar no que virá. Deslumbradas, rodaremos juntas por toda madrugada. Carmen Miranda será nossa única testemunha. Pode ser que a gente se enrole nas roupas do varal, entorpecidas de presença. Você pode me achar vez em quando dentro de um monóculo, ouvindo música distraído ou lavando louça. Os dias talvez passem lentos e eu estou decidida a fugir de você. Se pegar um atalho, pode ser que me encontre antes que eu me perca. A vida passa ligeira e é de se entregar até a última valsa.
The man who can't be moved.
Not mooooooving
http://www.youtube.com/watch?v=gS9o1FAszdk&ob=av2e

domingo, 4 de setembro de 2011

Para a mulher mais importante da minha vida

No passado, eu cometi o maior erro que se pode cometer: fui infeliz. Infeliz de uma forma tão intensa, que nenhum vento era capaz de me sorrir a alma. Mas não digo que seja uma pena você ter vivido em mim naqueles dias. Você aconteceu no momento certo, e eu tenho uma gratidão imensa pela limpeza que você me promoveu.
Graças ao que vivemos, hoje eu quero viver um amor tranqüilo, e sei que isso é mais que sorte, é construção. Graças aos ciúmes que me adoeceram quando te tive, hoje meu corpo construiu resistência e quase arrisco a dizer que estou imune a esse vírus. E por causa do sentimento que você inaugurou em mim, hoje posso amar e inaugurar outros sentimentos, sem esquecer jamais, o quão importante foi a descoberta que você me proporcionou.
E é por isso e todo o muito mais , que te tenho amor e gratidão, e quero um dia enfim, poder te dar de presente o presente que você me tornou.
Quero poder te abraçar com a calma de quem não mais precisa do sexo p estar perto, este que nunca foi o que me juntou a você, e olhar nesses seus olhos sofridinhos e te dar de coração o meu sorisso mais bonito, aquele que você dizia raro, e gritar OBRIGADA, MEU AMOR, VOCÊ ME DEU A VIDA.
Talvez por isso a confusão do sentimento, sim, você colocou uma nova eu no mundo e isso é gestação, e isso é maternidade.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Continuando:

Pra mim ódio é o amor doente, é o amor contrariado! é o amor se debatendo.
E ainda assim, nesse quase coma, nesse limiar de morte, nessa sentença de últimos suspiros, o ódio é só o amor, implorando por eutanásia.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Entendo a decisão da escolha por uma outra, que esmaga completamente a sua possibilidade de ser, quando tem ouvidos surdos para o que não é ela.
Entendo o conforto de estar com alguém que é tão ensimesmado que mal enxerga a voz baixa e que só aos berros é capaz de fazer menção a audição.
Entendo a decisão de escolher alguém que te aprisiona dentro dos limites do que você não quer, e escolhe pra você toda uma vida, dentro de um curral. Entendo que viver no campo, livre de paredes é muito mais assustador.
Entendo que agarrar nas mãos a responsabilidade da própria vida, a possibilidade de ser poderosa, é mais amedrontador do que viver sob a custódia de uma algoz em descontrole.
E por essa escolha, tão humana, e tão covarde eu entendo que te amo, mas que jamais poderia te ter comigo. Eu sou aquela que se joga no abismo, se arrebenta inteira, mas guarda o gostoso da sensação da queda e acredita piamente que o salto é o voo. Quando sentir minha falta, olha pra cima, eu to brilhando lá no céu. No meu lugar que é inalcançável para quem tem medo de pular o muro

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá,
louco e longo e não o outro,
encurtoso."

(Guimarães Rosa, fita verde no cabelo)
(nova velha história)
=.
E nada do que escrevo da conta de domesticar o meu silêncio.
Sem cheiro, se cor, sem peso
O jeito que o vazio encontrou
De se tornar cheio.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sarah Kane

A Don't say no to me, you can't say no to me because it's such a relief to have love again and to lie in a bed and be held and touched and kissed and adored and your heart will leap when you hear my voice and see my smile and feel my breath on your neck and your heart will race when I want to see you and I will lie to you from day one and use you and screw you and break your heart because you broke mine first.
Sarah Kane

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sou contra a pena de lixo. Sou a favor da reciclagem. Todo mundo merece outra chance

domingo, 21 de agosto de 2011

Achado!

Meu pai esteve aqui no Rio e me entregou provas minhas antigas que gurdava com ele "só emprestadas" frisou, "levo de volta comigo". Lendo elas encontrei um recadinho no canto da minha prova de português: "Cansei de tentar corrigir sua gramática, você tem muitos erros ortográficos. Mas interessante, eles parecem deixar nossa língua ainda mais bonita. Te concedo hoje em minhas provas; uma licença póetica, assim não vou sofrer de culpa, quando na minha velhice, lembrar que dei menos que o máximo, para uma grande poetisa que nasce diante dos meus olhos. Não colocarei regras em sua precoce genialidade. Mas tenha cuidado"
Sim é completamente anti-ético, mas foi a coisa mais bonita que já me escreveram até hoje. Os meus 14 anos guardam para sempre você Dodôra.

aham

E eu quando nasci percebi que tinha olhos de narrador, olhos de quem enxerga a vida no ponto de conta-la, como quem não muito participa, mas tem o poder de direção da história. Depois eu descobri que eu era aquele narrador maluco, aquele que esquece a fala no meio da peça porque se apaixona pela mocinha e quer virar personagem. E vira personagem, mas um personagem que entra em crise no meio da peça, esquece a fala, e perde a mocinha pra um que sabe mais sobre isso, de ser um personagem.
Personagens são um só, e eu era no minimo dois aguardando por todo o resto.

Esta é só a minha vida

Prologo introdutório

Esta peça é apenas uma ode a minha vida. Tem como intuito revelar o meu íntimo, as minhas piores ações, o meu desequilibro, a minha catatonia, a minha maldade.
Mas eu não quero chocar vocês, não eu quero que vocês me compreendam e quiça se vejam em mim. Sim eu quero convidar vocês a mergulhar no abismo humano, que é o meu abismo e o de vocês também, pois nos incluímos nessa raça. Mas para isso, para que vocês venham comigo, para que vocês não se choquem com o meu intimo, para que vocês topem pegar em minha mão e se jogar no precipício comigo-eu dúvido que alguém toparia se jogar no precipicio, talvez não seja um bom argumento este- eu preciso fazer com que vocês gostem de mim, eu preciso fazer com que vocês tenham vontade de me por no colo, eu preciso que vocês me achem uma menina fofa, eu preciso que vocês se sintam meus pais, não meus irmãos, mas meu pais.

Nessa hora uma mulher sobe em cima da corda bamba e se equilibra nela. Essa mulher poderia ser eu. Nessa hora eu volto a ser criança. Eu estou com os meus primos no apartamento do meu avô. Um apartamento antigo, todo de madeira, com um cheiro de cigarro e polvilho anti-séptico. Eu e meus primos corremos e rimos, por qual quer uma dessas razões que fazem crianças correrem. E a gente faz muito barulho. E de repente, com passos de tempo dilatado, com pantufas arrasntando lentamente e uma cara de desagrado, meu avô, trajando cabelos brancos, atravessa o corredor, meio que dixavadamente, ele fica nos observando, esperando o momento que sumiriamos dentro de algum outro comodo do enorme apartamento. Eu fingo que sumo e quando ele se distrai, me escondo no armário, eu sabia o que meu avô pretendia, ele ia entrar dentro do quarto proibido e ficar ali por horas, fazendo qual quer coisa que eu não podia saber, mas imaginava. Fiquei dentro do armário e vi quando ele pegou a chave dentro de um vaso de flores ao lado da porta, ele pegou a chave abriu a porta e se trancou lá dentro. Eu esperei, resisti bravamente ao impulso de correr e gritar com as outras crianças. Esperei por um tempo que naquele momento parecia maior que a minha vida, parecia maior que a vida do mundo inteiro. Contei meus dedos por mais de um milhão de vezes, e eu nem sabia contar até um milhão(talvez ainda não saiba), quando finalmente a porta se abriu. Ele olhou para todos os lados, procurando assegurar-se de que não havia nenhum de nois por ali, nenhum de seus inimigos barulhentos e atormentados. Quando finalmente teve certeza de que o campo estava livre, colocou a chave de volta no vaso. Eu esperei ele sumir do meu canto-greta de visão e sai de dentro do armário, com passos leves e uma adrenalina nunca antes experimentada. Eu empurrei as flores de plástico para o lado, com toda a minha delicadeza de 06 anos e surrupiei a chave. Neste momento de coração acelerado abri a porta com uma habilidade inenarrável. Abri e fechei na mesma velocidade, me trancando agora do lado de dentro, no território dos que andam de pantufas e não gostam muito dos gritos sem razão, abri e vi um quarto enorme, inteiro de livros, do chão ao teto, com uma escada que de rodinhas de permitia seres pequenos como eu, alcançar até o último deles.

(Continua)

sábado, 20 de agosto de 2011

" Pois não existe nada que tenha sido alguma vez escrito, ou pintado, esculpido, modelado, construído, inventado, a não ser para sair do inferno." (Artaud, 1947)
Meu destino, traçado por uma lei desconhecida pelos deuses,
Meu destino, calçado por dedos festivos
Por mentes difusas
Meu eu rizomático
De personagens que revelam o que eu não posso
Ainda!
A boa moça que para viver em paz
Precisa assassinar a vilã
E com isso cometer suicídio
E assim deixar de ser
O que de fato nunca foi
Ela que você pode odiar
Ou amar,
Mas que você não ignora
Que você não compreende
Mas que você não ignora.
me desculpa a megalomania
é preciso ser genial
Para conseguir me ver
E para ser genial
é preciso admitir a própria maldade
E para ser genial
É preciso permitir todos os seus eus
Mesmo os que não são

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

“o herói é motivado por uma virtual conflitualidade - com os outros, com a sociedade, consigo mesmo – directamente condicionada pela radicalidade com que assume determinados valores românticos” Dessa forma, este personagem retrata sentimentos de solidão, tristeza, desilusão que, quando ligados a conflitos amorosos tendem a resultar em situações de grande tragicidade tal qual suicídios, exílios, etc.
Podemos perceber, portanto, que aquilo que afirmamos ser o típico “herói romântico” corresponde à descrição de que é possível afirmar que o “herói romântico” nada mais é do que o “mártir do amor”,

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Passarim
Diz o porquê de ser assim
De acreditar no amor, dá-lo a mim
E depois levantar vôo
Sozinho
Arredio
Pra me deixar no meio-fio
Frio
Pra correr longo e amplo
Rio
E desembocar n’outro mar
Dar para outros seu cantar.
Não sei pra quê esses olhinhos
De quem é doido por carinho
De pedir atenção, conversa boa
Se daqui a pouco você entoa
Uma notinha já manjada
E voa
Rouba a beleza do meu dia
Vai cantar em outra freguesia.
Ah, passarim, ai de mim
Eu, que vivo dizendo sim
A esse amor mudo
Amor-minuto
Que nem sei se ainda existe
Se já virou modinha triste
Já faz tempo...
Virei chiste?
Virei gaiola, arapuca?
Que idéia é essa, que machuca?
Eu, que queria ser céu
Nuvem, sol, flor, açúcar
Queria dia de cachoeira
Queria perder eira e beira.
Mas tá certo, passarim
Você bebe, come, arrulha
Cata um galho de alecrim
Canta um cheiro de jasmim
Bate as asas
E fim.

Ass: Mi Paixão
porque você é esse transbordamento
de coragem, de amor
essa aragem, prenúncio
esse clamor
de vontades abertas
ofertas
liquidação de coisas boas
dessas que a gente acha e não acredita
remexe araras, prateleiras,
pronto: precisa.
peço pra embrulhar esses olhos claros
esse desejo perene de alturas
nossas tantas reconhecências
levo tudo na concha das mãos.

(loas, então
às intempéries, aos planetas
aos cometas, às mulheres
loas a essa ou aquela canção.
loas às colheres, de chá ou sopa
loas às roupas, à poeira, às janelas
a tudo mais que entortou nossas paralelas
e nos abençoou nessa interseção)

ASS: PAIXÃO
Desenhei seu rosto no meu poema,
As formigas ociosas carregam meus sonhos
Pra dentro da terra.
Onde devoram, devagarzinho, todos eles
Um-a-um
Onde guardam um pouco
Para a temporada de inverno.
O poema é sonho
As formigas me carregaram
Os sonhos.


domingo, 14 de agosto de 2011

choveu saudade
Meu coração ainda fresco
Ficou borrado
No vermelho da folha corpo
A palavra não escrita
Se equilibra
Nas pautas das artérias

sábado, 13 de agosto de 2011

Allen Ginsberg

O Uivo
Para Carl Solomon
I

Eu vi os expoentes da minha geração, destruídos pela
loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada
em busca de uma dose violenta de qualquer coisa,
hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo
contato celestial com o dínamo estrelado da
maquinaria da noite,
que pobres esfarrapados e olheiras fundas, viajaram
fumando sentados na sobrenatural escuridão dos
miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando
sobre os tetos das cidades contemplando o jazz,
que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado
e viram anjos maometanos cambaleando iluminados
nos telhados das casas de cômodos,
que passaram por universidades com olhos frios e
radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz
de Blake entre os estudiosos da guerra,
que foram expulsos das universidades por serem loucos
& publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura
descascada em roupa de baixo queimando seu
dinheiro em cestos de papel escutando o Terror
através da parede,
que foram detidos em suas barbas púbicas voltando
por Laredo com um cinturão de marihuana para
Nova Iorque,
que comeram fogo em hotéis mal pintados ou
beberam terebentina em Paradise Alley, morreram ou
flagelaram seus torsos noite após noite com
som, sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília,
álcool e caralhos em intermináveis orgias,
incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula,
e clarão na mente pulando nos postes dos pólos de
Canadá & Paterson, iluminando completamente o
mundo imóvel do Tempo intermediário,
solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de
quintal das verdes árvores do cemitério, porre de vinho
nos telhados, fachadas de lojas de subúrbio
na luz cintilante de neon do tráfego na
corrida de cabeça feita do prazer, vibrações de
sol e lua e árvore no tronco de crepúsculo de
inverno de Brooklyn, declamações entre latas
de lixo e a suave soberana luz da mente,
que se acorrentaram aos vagões do metrô para o
infindável percurso do Battery ao sagrado Bronx
de benzedrina até que o barulho das rodas e
crianças os trouxesse de volta, trêmulos, a boca
arrebentada o despovoado deserto do cérebro
esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do Zoológico,
que afundaram a noite toda na luz submarina
de Bickford´s, voltaram à tona e passaram a tarde
de cerveja choca no desolado Fuggazi´s escutando
o matraquear da catástrofe na vitrola
automática de hidrogênio,
que falaram setenta e duas horas sem parar do
parque ao apê ao bar ao Hospital Bellevue ao
Museu à Ponte do Brooklyn,
batalhão perdido de debatedores platônicos saltando
dos gradis das escadas de emergência dos parapeitos
das janelas do Empire State da Lua,
tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos
e lembranças e anedotas e viagens visuais e choques
nos hospitais e prisões e guerras,
intelectos inteiros regurgitados em recordação total
com os olhos brilhando por sete dias e noites,
carne para a sinagoga jogada à rua,
que desapareceram no Zen de Nova Jersey de
lugar algum deixando um rastro de postais ambíguos
do Centro Cívico de Atlantic City,
sofrendo suores orientais, pulverizações tangerianas
de ossos e enxaquecas da China por causa da
falta da droga no quarto pobremente mobiliado de Newark,
que deram voltas e voltas à meia noite no pátio da
ferrovia perguntando-se aonde ir e foram, sem
deixar corações partidos,
que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões
de carga, vagões de carga, que rumavam ruidosamente
pela neve até solitárias fazendas dentro da noite do avô,
que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz, telepatia
e bop-cabala pois o Cosmos instintivamente
vibrava a seus pés em Kansas,
que passaram solitários pelas ruas de Idaho procurando
anjos índios e visionários que eram anjos índios e visionários
que só acharam que estavam loucos quando Baltimore
apareceu em estase sobrenatural,
que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma
no impulso da chuva de inverno na luz das ruas
da cidade pequena à meia-noite,
que vaguearam famintos e sós por Huston procurando
jazz ou sexo ou rango e seguiram o espanhol
brilhante para conversar sobre a América e a Eternidade,
inútil tarefa, e assim embarcaram
num navio para a África,
que desapareceram nos vulcões do México
nada deixando além da sombra das suas calças
rancheiras e a lava e a cinza da poesia espalhadas
pela lareira Chicago,
que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI
de barba e bermudas com grandes olhos pacifistas
e sensuais nas suas peles morenas, distribuindo
folhetos ininteligíveis,
que apagaram cigarros acesos nos seus braços
protestando contra o nevoeiro narcótico de
tabaco do Capitalismo,
que distribuiram panfletos supercomunistas em Union
Square, chorando e despindo-se enquanto as
Sirenes de Los Alamos os afugentavam gemendo
mais alto que eles e gemiam pela Wall Street e
também gemia a balsa de Staten Island
que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos,
nus e trêmulos diante da maquinaria de outros esqueletos,
que morderam policiais no pescoço e berraram de
prazer nos carros de presos por não terem cometido
outro crime a não ser sua transação pederástica e tóxica,
que uivaram de joelhos no metrô e foram arrancados do
telhado sacudindo genitais e manuscritos,
que se deixaram foder no rabo por motociclistas
santificados e berraram de prazer,
que enrabaram e foram enrabados por esses serafins
humanos, os marinheiros, carícias de amor
atlântico e caribeano,
que transaram pela manhã e ao cair da tarde em
roseirais, na grama de jardins públicos e cemitérios,
espalhando livremente seu sêmen para
quem quisesse vir,
que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar
mas acabaram choramingando atrás de um tabique
de banho turco onde o anjo loiro e nu veio
trespassá-los com sua espada,
que perderam seus garotos amados para as três
megeras do destino, a megera caolha do dólar heterossexual, megera caolha que pisca de
dentro do ventre e a megera caolha que só sabe
sentar sobre sua bunda retalhando os dourados
fios intelectuais do tear do artesão,
que copularam em êxtase insaciável com um garrafa
de cerveja, uma namorada, um maço de cigarros, uma
vela, e caíram na cama e continuaram
pelo assoalho e pelo corredor e terminaram
desmaiando contra a parede com uma visão da
boceta final e acabaram sufocando o derradeiro lampejo da
consciência,
que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas
trêmulas ao anoitecer, acordaram de olhos vermelhos
no dia seguinte mesmo assim prontos
para adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas
nos celeiros e nus no lago,
que foram transar em Colorado numa miríade de
carros roubados à noite, N.C., herói secreto destes
poemas, garanhão e Adônis de Denver – prazer
ao lembrar suas incontáveis trepadas com garotas
em terrenos baldios & pátios dos fundos de
restaurantes de beira de estrada, raquíticas fileiras
de poltronas de cinema, picos de montanha
cavernas com esquálidas garçonetes no
familiar levantar de saias solitário à beira da
estrada & especialmente secretos solipsismos de
mictórios de postos de gasolina & becos da cidade
natal também,
que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram
transportados em sonho, acordaram num
Manhattan súbito e conseguiram voltar com uma
impiedosa ressaca de adegas de Tokay e horror
dos sonhos de ferro da Terceira Avenida &
cambalearam até as agências de desemprego,
que caminharam a noite toda com os sapatos cheios
de sangue pelo cais coberto por montões de
neve, esperando que uma porta se abrisse no
East River dando para um quarto cheio de vapor e ópio,
que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos
de apartamentos do Huston à luz azul de holofote
antiaéreo da luta & suas cabeças receberão
coroas de louro no esquecimento,
que comeram o ensopado de cordeiro da imaginação
ou digeriram o caranguejo do fundo lodoso dos
Rios de Bovery,
que choraram diante do romance das ruas com seus
carrinhos de mão cheios de cebola e péssima música,
que ficaram sentados em caixotes respirando a
escuridão sob a ponte e ergueram-se para construir
clavicórdios em seus sótãos,
que tossiram num sexto andar do Harlem coroando de
chamas sob um céu tuberculoso rodeados pelos
caixotes de laranja da teologia,
que rabiscaram a noite toda deitando e rolando sobre
invocações sublimes que ao amanhecer amarelado
revelaram-se versos de tagarelice sem sentido,
que cozinharam animais apodrecidos, pulmão coração
pé rabo borsht & tortilhas sonhando com
o puro reino vegetal,
que se atiraram sob caminhões de carne
em busca de um ovo,
que jogaram seus relógios do telhado fazendo seu
lance de aposta pela Eternidade fora do Tempo
& despertadores caíram em suas cabeças por
todos os dias da década seguinte,
que cortaram seus pulsos sem resultado três vezes
seguidas, desistiram e foram obrigados a abrir
lojas de antiguidades onde acharam que estavam
ficando velhos e choraram,
que foram queimados vivos em seus inocentes
ternos de flanela em Madison Avenue no meio das
rajadas de versos de chumbo & o estrondo contido
dos batalhões de ferro da moda & os guinchos
de nitroglicerina das bichas da propaganda &
o gás mostarda de sinistros editores inteligentes
ou foram atropelados pelos taxis bêbados
da Realidade Absoluta,
que se jogaram da ponte de Brooklyn, isso realmente
aconteceu, e partiram esquecidos e desconhecidos
para dentro da espectral confusão das ruelas
de sopa & carros de bombeiros de Chinatown,
nem uma cerveja de graça,
que cantaram desesperados nas janelas, jogaram-se
da janela do metrô saltaram no imundo rio
Paissac, pularam nos braços dos negros, choraram
pela rua afora, dançaram sobre garrafas
quebradas de vinho descalços arrebentando
nostálgicos discos de jazz europeu dos anos 30
na Alemanha, terminaram o whisky e vomitaram
gemendo no toalete sangrento, lamentações nos
ouvidos e o sopro de colossais apitos a vapor,
que mandaram brasa pelas rodovias do passado
viajando pela solidão da vigília da cadeia de
Gólgota de carro envenenado de cada um ou então
a encarnação do Jazz de Birmingham,
que guiaram atravessando o país durante setenta e duas
horas para saber se eu tinha tido uma visão ou se ele tinha
tido uma visão para descobrir a Eternidade,
que viajaram para Denver, que morreram em Denver,
que retornaram a Denver & esperaram em vão,
que espreitaram Denver & ficaram parados pensando
& solitários em Denver e finalmente partiram
para descobrir o Tempo & agora Denver está
saudosa de seus heróis,
que caíram de joelhos em catedrais sem esperança
rezando por sua salvação e luz e peito até que a
alma iluminasse seu cabelo por um segundo,
que se arrebentassem nas suas mentes na prisão
aguardando impossíveis criminosos de cabeça
dourada e o encanto da realidade em seus corações
que entoavam suaves blues de Alcatraz,
que se recolheram ao México para cultivar um
vício ou às Montanhas Rochosas para o suave
Buda ou Tânger para os garotos do Pacífico Sul
para a locomotiva negra ou Havard para Narciso
para o cemitério de Woodlaw para a coroa
de flores para o túmulo,
que exigiram exames de sanidade mental acusando
o rádio de hipnotismo & foram deixados com sua
loucura & e mãos & um júri suspeito,
que jogaram salada de batata em conferencistas da
Universidade de Nova Iorque sobre Dadaísmo
e em seguida se apresentaram nos degraus de
granito do manicômio com cabeças raspadas e
fala de arlequim sobre suicídio, exigindo
lobotomia imediata,
e que em lugar disso receberam o vazio concreto da
insulina metrazol choque elétrico hidroterapia
psicoterapia terapia ocupacional pingue-pongue
& amnésia,
que num protesto sem humor viraram apenas uma
mesa simbólica de pingue-pongue mergulhando
logo a seguir na catatonia,
voltando anos depois, realmente calvos exceto por
uma peruca de sangue e lágrimas e dedos
para a visível condenação de louco nas celas das
cidades-manicômio do Leste,
Pilgrim State, Rockland, Greystone, seus corredores
fétidos, brigando com os ecos da alma, agitando-se
e rolando e balançando no banco de solidão à
meia-noite dos domínios de mausoléu
druídico do amor, o sonho da vida um
pesadelo, corpos transformados em pedras
tão pesadas quanto a lua,
com a mãe finalmente ***** e o último livro
fantástico atirado pela janela do cortiço e a última
porta fechada às 4 da madrugada e o último
telefone arremessado contra a parede em
resposta e o último quarto mobiliado esvaziado até
a última peça de mobília mental, uma rosa de papel
amarelo retorcida num cabide de arame do armário
e até mesmo isso imaginário, nada mais
que um bocadinho esperançoso de alucinação –
ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não
estarei a salvo e agora você está inteiramente
mergulhado no caldo animal total do tempo –
e que por isso correram pelas ruas geladas obcecadas
por um súbito clarão da alquimia do uso da elipse
do catálogo do metro inviável & do plano vibratório,
que sonharam e abriram brechas encarnadas no
Tempo & Espaço através de imagens justapostas
e capturaram o arcanjo da alma entre 2 imagens
visuais e reuniram os verbos elementares e
juntaram o substantivo e o choque da consciência
saltando numa sensação de Pater Omnipotens
Aeterne Deus,
para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa
humana e ficaram parados à sua frente, mudos e
inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados
todavia expondo a alma para conformar-se ao
ritmo do pensamento em sua cabeça nua e infinita,
o vagabundo louco e Beat angelical no Tempo,
desconhecido mas mesmo assim deixando aqui
o que houver para ser dito no tempo após a morte,
e se reergueram reencarnados na roupagem
fantasmagórica do jazz no espectro de trompa
dourada da banda musical e fizeram soar o
sofrimento da mente nua da América pelo
amor num grito de saxofone de eli eli lama lama
sabactani que fez com que as cidades tremessem
até seu último rádio,
com o coração absoluto do poema da vida arrancado
de seus corpos bom para comer por mais mil anos.

II

Que esfinge de cimento e alumínio arrombou seus
crânios e devorou seus cérebros e imaginação?
Moloch! Solidão! Sujeira! Fealdade! Latas de
lixo o dólares intangíveis! Crianças berrando
sob as escadarias! Garotos soluçando nos
exércitos! Velhos chorando nos parques!
Moloch! Moloch! Pesadelo de Moloch! Moloch o
mal-amado! Moloch mental! Moloch o pesado
juiz dos homens!
Moloch a incompreensível prisão! Moloch o
presídio desalmado de tíbias cruzadas e o Congresso
dos Sofrimentos! Moloch cujos prédios são
julgamento! Moloch a vasta pedra da guerra!
Moloch os governos atônitos!
Moloch cuja mente é pura maquinaria! Moloch cujo
sangue é dinheiro corrente! Moloch cujos
dedos são dez exércitos! Moloch cujo peito é
um dínamo canibal! Moloch cujo ouvido é
um túmulo fumegante!
Moloch cujos olhos são mil janelas cegas! Moloch
cujos arranha-céus jazem ao longo de ruas como
infinitos Jeovás! Moloch cujas fábricas sonham
e grasnam na neblina! Moloch cujas colunas de fumaça
e antenas coroam as cidades!
Moloch cujo amor é interminável óleo e pedra!
Moloch cuja alma é eletricidade e bancos!
Moloch cuja pobreza é o espectro do gênio!
Moloch cujo destino é uma nuvem de hidrogênio
sem sexo! Moloch cujo nome é a Mente!
Moloch em que permaneço solitário! Moloch em
que sonho com anjos! Louco em Moloch!
Chupador de caralhos em Moloch! Mal-amado
e sem homens em Moloch!
Moloch que penetrou cedo na minha alma! Moloch
em quem sou uma consciência sem corpo!
Moloch que me afugentou do meu êxtase natural!
Moloch a quem abandono! Despertar em Moloch!
Luz escorrendo do céu!
Moloch! Moloch! Apartamentos de robôs! Subúrbios
invisíveis! Tesouros de esqueletos! Capitais cegas!
Indústrias demoníacas! Nações espectrais!
Invencíveis hospícios! Caralhos de granito!
Bombas monstruosas!
Eles quebraram suas costas erguendo Moloch ao Céu!
Calçamento, arvores, rádios, toneladas! Levantando
a cidade ao Céu que existe e está em todo lugar
ao nosso redor!
Visões! Profecias! Alucinações! Milagres! Êxtases!
Descendo pela correnteza do rio americano!
Sonhos! Adorações! Iluminações! Religiões! O
carregamento todo em bosta sensitiva!
Desabamentos! Sobre o rio! Saltos e crucificações!
Descendo a correnteza! Ligados! Epifanias!
Desesperos! Dez anos de gritos animais e suicídios!
Mentes! Amores novos! Geração louca! Jogados
nos rochedos do Tempo!
Verdadeiro riso no santo rio! Eles viram tudo! O olhar
selvagem! Os berros sagrados! Eles deram adeus!
Pularam do telhado! Rumo à solidão! Acenando! Levando
flores! Rio abaixo! Rua acima!

III

Carl Solomon! Eu estou com você em Rockland
onde você está mais louco do que eu
Eu estou com você em Rockland
onde você deve sentir-se muito estranho
Eu estou com você em Rockland
onde você imita a sombra da minha mãe
Eu estou com você em Rockland
onde você assassinou suas doze secretárias
Eu estou com você em Rockland
onde você ri desse humor invisível
Eu estou com você em Rockland
onde somos grandes escritores na mesma
abominável máquina de escrever
Eu estou com você em Rockland
onde seu estado se tornou muito grave e é
noticiado pelo rádio
Eu estou com você em Rockland
onde as faculdades do crânio não agüentam
mais os vermes dos sentidos
Eu estou com você em Rockland
onde você bebe o chá dos seios das solteironas
de Utica
Eu estou com você em Rockland
onde você bolina os corpos das suas
enfermeiras as harpias do bronx
Eu estou com você em Rockland
onde você grita de dentro de uma camisa de
força que está perdendo o verdadeiro jogo
de pingue-pongue do abismo
Eu estou com você em Rockland
onde você martela o piano catatônico a alma
é inocente e imortal e nunca poderia morrer
impiamente num hospício armado,
Eu estou com você em Rockland
onde com mais de cinqüenta eletrochoques
sua alma nunca mais retornará a seu corpo de
volta de sua peregrinação rumo a uma cruz
no vazio
Eu estou com você em Rockland
onde você acusa seus médicos de loucura e
prepara a revolução socialista hebraica contra
o Gólgota nacional e fascista
Eu estou com você em Rockland
onde você rasga os céus de Long Island e faz
surgir seu Jesus vivo e humano do túmulo
sobre-humano
Eu estou com você em Rockland
onde há mais de vinte e cinco mil camaradas
loucos todos juntos cantando os versos finais da
Internacional
Eu estou com você em Rockland
onde abraçamos e beijamos os Estados Unidos
sob nossas cobertas Estados Unidos que
tossem a noite toda e não nos deixam dormir
Eu estou com você em Rockland
onde despertamos eletrocutados do coma pelos
nossos próprios aeroplanos da mente roncando
sobre o telhado eles vieram jogar bombas
angelicais o hospital ilumina-se paredes imaginárias
desabam Ó legiões esqueléticas correi para fora
Ó choque de misericórdia salpicado de estrelas
a guerra eterna chegou Ó vitória esquece tua roupa
de baixo estamos livres
Eu estou com você em Rockland
nos meus sonhos você caminha gotejante de volta
de uma viagem marítima pela grande rodovia que
atravessa a América em lágrimas até a porta do
meu chalé dentro da Noite Ocidental.
Carta Revolucionária #1
(Revolutionary Letter #1)

Acabo de perceber que o que está em jogo sou eu
Não tenho outro dinheiro de resgate, nada para
quebrar ou trocar, a não ser minha vida
meu espírito parcelado, em fragmentos, esparramado sobre
a mesa de roulette, eu recupero o que posso
só isso para enfiar embaixo do nariz do maitre de jeu
só isso para jogar pela janela, nenhuma bandeira branca
só tenho minha pele para oferecer, para fazer minha jogada
com esta cabeça imediata, com aquilo que inventa, é a minha vez
enquanto deslizamos sobre o tabuleiro, e sempre pisando
(assim esperamos) nas entrelinhas

Diane di Prima

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

E eu poderia ter transado com você ali mesmo no banco do meu carro, no meio da rua, na areia da praia ou em um banheiro qual quer.
E sem duvidas eu gozaria pra caralho, e seria bom demais, porque foder com você é uma delicia e eu tenho sim um certo tesão.
Mas eu não poderia lidar com todo o drama e todo nhé nhé nhé, que vem junto com você. Que vem depois de você, que vem com quem anda com você. E no dia seguinte, e no seguinte.
Eu acho chato pra caralho o seu entorno e o meu tesão não é suficientemente grande para lidar com ele. E agora eu liguei o foda-se, não sou a mocinha, nem quero ser, eu liguei o foda-se no dia que sai dessa cidade e voltei com ele ligado, e hoje eu quase me esqueci e quase cai nessa chatice de novo, mas eu me lembrei. Eu não to nem ai.
Eu não compro o preço do prazer de nos, eu to dura de saco para lidar com o tempo que você perdeu.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

E voce passa cinco anos da sua vida indo duas vezes por semanano psicologo, uma vez por mes no psiquiatra. Voce gasta uma nota em remedios, voce consegue ficar bem o suficiente para largar os remedios. Voce nao se envolve com drogas, pq vc tem uma estrutura que nao permite isso, lembra? Ai voce viaja para o outro lado do mundo, e conhece uma mulher, mais gostosa do que qual quer outra mulher que voce conheceu do seu lado do mundo, e voce goza toda vez que essa mulher diz "ciao bella" p vc no telefone, e voce pensa que voce queria fazer um filho nela, ou melhor, ter um filho dela.E voce odeia maconha sua vida inteira pq um ente querido colocou toda a culpa da sua personalidade ruim nessa droga, mas essa mulher, essa mulher tem cheiro de maconha e voce passa mal de tesao com o perfume dela. E voce fuma maconha e fumar maconha eh como fumar ela. e fumar ela. meu amigo, eh a melhor coisa que ja aconteceu na merda da sua vida. Ela te leva no quarto dos livros(ela tem um quarto de livros, porra!!) e pergunta: "Ei, vc conehce a gereacao beat? Eu amo pra caralho esses caras." Nesse momento vc se da conta que tudo q vc viveu ate aqui foi brincadeira.
Ela chega vestindo uma jaqueta preta, uma blusa preta, uma calca preta, uma bota preta, montada em uma moto preta. Faz um puta calor em Los Angeles hoje, eu estou de biquini e bermuda.
Ela tira o capacete preto, deixando escorrer os cabelos dourados. Uma maquiagem borrada da noite passada.
"Voce nao esta com calor, babe?"
"Nao, eu nao sinto calor.".
Ela e a mulher mais triste e bonita que eu ja conheci, ela enlouquece o tempo inteiro e eu me deixo enloquecer com ela. Eu estou morrendo de medo, eu nao tenho outra alternativa. Eu ando fumando maconha o dia inteiro e eu ando gostando.
Ela cheira cocaina, e eu acho lindo o jeito que aquele po branco invade o nariz dela, para logo em seguida ela sussurar no meu ouvido "Me come". Eu como voce e fico alucinada, toda essa droga que escorre do seu gozo, esse mundo de prazer e arte que jorra da gente. Sim, eu escolho enlouquecer com voce. E foda-se.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Carta descontraida p voce que nao entende portugues

E eu ja era apaixonada pelo seu nome,
Mesmo antes de saber que ele era seu.
Voce 'e a certeza para aquela voizinha que sempre gritou no meu pensar: O ENCONTRO 'E O DEUS MAIS PODEROSO DE TODOS.
Eu olho para essa sua cara de encontro partido, e fico molhada por toda a eternidade. Eu cruzaria o pacifico mil vezes para acordar nos seus bracos.
Logo voce, que esta aqui dormindo agora, voce que nao entende nada do que aqui escrevo, voce que nao conhece a minha poesia, voce que me disse ontem a coisa mais bonita do mundo nessa lingua que nao 'e a minha, mas que soou no mais intimo dos meus lugares.
Voce me disse: Nos seus olhos eu consigo ler estas palavras que eu nao entendo. E palavra desconhecida eh coisa que eu quero colecionar. Eu acho que eu quero casar com voce. I think I wanna marry you.
Porra!! Eu caso com voce hoje. Eu te amo, mesmo sem saber quem eh voce.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Você me olha e o meu coração fica perdido no tempo.
Eu te olho e silêncio. Nada sem outro "n" no meio.
Silêncio, respiro fundo.
Silêncio.
Quando foi que as palavras perderam o fôlego?
Partir é a única maneira de não te deixar.
Partir é a única chance de você sobreviver em mim.
Pedaços.
E eu não me reconheço mais na sua vida.
Nessa vida toda que a gente queria,
E que eu não quero mais, entende?
Eu não quero mais você e pior, eu nem quero querer.
Na parede nossas sombras dançam
Silêncio.
Entre um pingo e outro a chuva inspira.
Um passarinho bica meu cheiro.
A tarde escorrer pelo meu bolso
e a noite sonolenta tropeça
no vão das estrelas.
Neste momento eu entendo
Que é hora de ir,
Sim, eu preciso sair por essa porta.
Sim, eu te deixarei em paz.
Sim, eu deixo aqui documentado
Nunca mais irei entrar neste apartamento.
Levo comigo, tudo aquilo que um dia fomos.
Levo comigo, um tanto de amor
Pelo que não vivemos.
Nunca mais irei entrar neste apartamento.
Deixo para você de presente
Uma estrela
E um pedaço de mim
E o filho, que nos não tivemos.
Maria amava Pedro
Pedro amava Maria
Maria quando amava Pedro
Odiava Maria.
Maria era a pior das Marias
Quando era de Pedro
Um dia olhando para o espelho
Maria se achou uma moça muito feia
Antes de Pedro, Maria se achava uma moça muito bonita.
A amiga de Maria então falou:
Quando eu era mais nova, ouvia dizer que o amor revelava nosso lado mais bonito.
Maria você tem certeza que ama Pedro?
Não sei. disse Maria.
Mais tarde, depois de Pedro
Maria entendeu que não era amor.
Era só vontade de provar
Que até o mais feio de Maria
Era digno de amor.
Eu vi o pôr-do-sol
Nos peitos da morena,
De fartos bicos,
Nascer,
Marrons, sagrados
Desorientando os meus
Colibris.
Bebi demais do leite
Derramado
por entre o ventre amado
Da minha meretriz
Pelos negros,
Grossos
Ondas fartas
Compradas, costuradas
Para viver mais uma personagem
Um outro tempo
Outra paisagem
E me desacreditar
Por tanto amor que sente
O seu apego quis me odiar
Buscou meus segredos
Medos
Que eu não vou contar.
Arrombou a minha vida
Porta a dentro
Retrato, comprimido, suicídio
Eu já não quero mais.
Neguinha,
Vai seguir seu céu,
Estrela
Que o meu porto não será sua paz.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Decido hoje, sem estar tomada pela raiva, pela angustia ou por qual quer outro sentimento que nos deixa desesperadamente impulsiva.
Decido hoje que eu não te quero mais em minha vida, que nos não temos nada a ver e que te ver não esta mais nos meus planos.
Decido enfim que já não te amo, e não há nada material que seja capaz de me manter apegada a algo que já foi. Você já foi de mim. Sim. O fim do amor é mais triste que o nosso fim, chegou o dia que você morreu em mim.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O meu para sempre.

Você foi o meu único para sempre dito com toda a eternidade do meu ser, dito com toda a vida, esta, as passadas e as próximas.
Logo você que só acredita nessa. Essa é pouco para o tanto de amor que te preciso.
De nada vale a personagem sedutora que arranca suspiros e sai nas revistas mostrando o corpo moreno, esteriótipo do desejo brasileiro, de nada adianta se não derramo o gozo da minha mulher.
Mas ontem meu, amor, ontem você me amou menos para me desejar mais e essa foi a maior prova de amor que já recebi.
O rio de janeiro inteiro escorreu de dentro de você, molhando meu cobertor, minhas mãos e minha alma. Como é bonito o Rio quando ele é você. Como é bonito você em mim. E hoje de manhã, você amanhecendo no meu abraço, sorriu e disse sim. Hoje de manhã, você casou comigo.
E de antes em diante, eu me decreto sua primeira.
Assinado: Eu

domingo, 10 de julho de 2011

Despedida

Não poderia falar, embora teime na escrita.
Não vou chorar porque minha alma aflita, já o fez.
Visitei sua casa, que era minha, que era nossa
Mas agora, meu amor, eu tenho asas
E não tenho medo de cantar
Sozinha,
Hoje eu sou mais do que seu par.

sábado, 18 de junho de 2011

Andar pela rua, atrás, sempre atrás
Pãos, pombos, pessoas, passos.
Passados que não caminham,
Presentes que não se dão
Quanta gente cabe dentro do amor?
Quantos desamores se é possível suportar?
Maria não sabia responder.
Maria caminha, caminha, caminha.
Sempre atrás, sempre atrás.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobre pulsos, eternos?

Até quando você vai embaralhar todas as cartas que coloquei em ordem sobre a mesa?
Mulher nua, sentada de pernas abertas sobre uma cadeira, revelando seus medos, seus pecados...
Eu marcado pela falta de não ser você
Esmurrei o vidro do boxe do banheiro, juntei os cacos e te construí um altar.
Deusa demasiada humana para me perdoar.
Fotografia da ausência, a tal que trago da infância,
Pintura exata do pouco colo que tive,
Relembrando em ondas morenas
Os olhos claros que eu não herdei.
Acalante minha magoa, desaguada na sua falta de pai
E me permite ser filha, insestuosa filha
Que não se ama jamais.