domingo, 29 de julho de 2012

Eu sou o corpo do adeus.
Eu perdi minha voz
Gritando por mim 
Em cantos que eu não estava

A apego te tiro daqui
Do porta-retrato
Que eu guardo em minha sala
Não, não quero ser foto
Meu ponto bonito
Não cabe nessa moldura

Sim, há um tanto que a gente é
Alargo meu mundo
Pra ver se o profundo
é a parte que me da pé

É que no raso eu não sei nadar
É que o braço me chama ao mar
Ou mergulho em mim
Ou preciso voar.

Vê que no outro há o que eu estou
No devir do que não chegou
Penso tanto em me jogar
Mas já cansado estou
Pois de tanto berrar
Afastei-me de mim
Danço agora sem par.

domingo, 22 de julho de 2012

90 DIAS DE NAMORO

Ontem fizemos 3 meses, terminamos também nossa terceira musica,  e transamos por todo o apartamento. Eu olhei pro seus olinhos de  menina desajeitada, enquanto vc derramava vinho no sofa e tive certeza do meu amor. Ter certeza de amor nao faz muito sentido, mas eu sinto. Te amo.
Desde o primeiro dia, fui sua e sou e so e somos e ontem juramos que se deixarmos de ser, nao nos deixaremos. ufa, quanta calma, respiro no amor.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ela bem podia amar de novo, so mais uma vez. E que dure para sempre, ou que pelo menos dure muito, ou que pelo menos dure o suficiente, ou que se nao durar que passe logo a dor, ou que se nao passar que ela esqueça dessa vez por todas de pedir amor.
Para o pai de Liah soares (em construção) Por Tayana Dantas e Luis Kiari

Meu nome é seu Antônio 
Sou taurino
Nasci no dia 13 do mês Junho
De gêmeos nunca tive nenhum filho 
Sou irmão do santo casamenteiro

O rio esta passando por uma frase difícil
Anda crescendo a bilheteria da cidade

A história aqui contada
É uma estrofe de outras margens
Ser Antônio já não basta pro refrão dessa paisagem.
Da silva eh no final
Na beira sou brasileiro
No meio Abdias vou sendo
No comeco eu nao me lembro
Por ser ja tao letrado
Aprendi a ler ate
Livro virado ao contrário

O rio esta passando por uma frase difícil
Anda crescendo a bilheteria da cidade

Da parteira que me abriu o dia
Eu carrego um lago do corpo
O outro é das garças
Sou Guimaresco
Rosiniano
Um João, por assim dizer
Mas minha graça é Antônio
Só tenho a graça de ser 
Eu desejo que hoje essa gente toda seja menos inteligente, menos pronta para responder. Desejo que sejamos goleiros piores, só hoje, vamos tomar gols. Só hoje vamos passear nus pelas calçadas, mesmo que de roupa. Hoje eu desejo que seja todo mundo menos irônico, menos bonito, menos sagaz. Eu desejo que hoje fiquemos todos loucos.
Você nunca vai ver ninguém, além de você mesmo, se não puder enxergar as pessoas para as quais olhou a vida inteira. —

Como saber se queria morar em mim se eu ja me fui embora?

Lembro de uma viagem, acho que para Porto Seguro, não tenho certeza, mas lembro de estar sentada num ônibus com Natasha Siviero e tia Neda, eu e Natasha(talvez ela nem lembre a gente edita a memória cada um de um jeito) inventavamos histórias ou músicas poéticas para ela e lembro que Natasha falou para mim depois que tia Neda disse que a minha história era bonita; Sua história é legal, mas não acaba nunca. Isso ganhou um significado plural na minha vida. Eu tive na vida escolar uma dificuldade enorme com pontuação e mais tarde essa dificuldade se alastrou para as minhas histórias todas. Elas se estendiam para além do que deviam e ficavam sempre com um ar de reticencias. Se tem uma coisa que eu acho que eu sinto que aprendi, olhando para esse azul de domingo, ao longo desses 23 anos, é que muitas vezes o (.) ponto final, não quer mais dois pontos de companhia e que saber acabar uma história, pode doer menos do que deixa-la em aberto.
Hoje eu levantei da cama e me vesti inteira de mim. Hoje eu andei pela rua que eu moro e a rua que eu moro parecia uma rua de outro país, hoje me senti estrangeira no que era minha zona de conforto. Tive fazendo um percurso habitual, a mesma deliciosa sensação de quando viajo para um lugar estranho a mim, meu olho pulsava de curiosidade e sem esforço algum se interessava por tudo que acontecia. Penso que talvez, até hoje, tenha morado nessa rua, mas que talvez há algum tempo ela tenha deixado de morar em mim e as mudanças sutis que ela sofrerá, tenham passado todas desapercebidas ou escondidas e hoje decidiram dançar na minha cara. Por quanto tempo podemos olhar para as mesmas coisas ?

Quem deu de viver dentro do fogo, queimado é que não morre.

A arte lateja, chupa, pulsa.
Ou você goza, ou você agoniza
Quando eu era menina,
Eu sentava na janela
Via escorrer as gotas
Da cachaça e da panela
Tinha medo de crescer
E assim poder morrer
Como morriam no céu 
As estrelas de papel
E os verbos do meu ser.

Pelos verso que falei
Logo cedo dei pra muda
Por tanto me desconhecer
Fez histórias não de mim
Ai eu cresci bem sofrida
Com um sol no meu pescoço
E um som bailarina
Um poeta me escolheu
Mais crescida virei musa
Não sou pronta, não sou obra
Triste, eu não sou o fim

Ah me de sua mão
Encoste sua palma
Na cor da minha alma
Veja a musa chorar

Ah me dê sua mão
Encoste sua palma
Na dor da minha alma
Veja a musa chorar

Me desculpe amado
Senhor poeta, cansado
Mas me parto daqui
Vou parir o que sou
Não me escreva mais nunca
Pois eu quero ser obra
Não humana, não mais.

Ah me dê sua mão
Encoste sua palma
Na dor da minha alma
Veja a musa chorar

Ah me dê sua mão
Encoste sua palma
Na dor da minha alma
Veja a musa chorar
Quando eu nasci
Me esfregaram na cara um sonho
Ele borrou-se de mim
Mas mesmo assim
Eu envelheço

Quando eu descobri palavra
Acabou a tinta do mundo
Eu vim de uma cidade de mangues
Dei para fazer poesia 
Com sangue.
Mas mesmo assim
Eu entardeço

Foi por ti que aprendi a língua
E inventei minhas falas
Todas elas ontem me faltaram
No segundo em que toquei
O seu cheiro de ameaça
Mesmo assim eu amanheço

Sou da cara menina
E do peito antigo
Por que a vida em mim demora
E eu a esperei sentindo frio
Com fome de quem chora
Olho tudo que conheço
Me interesso no começo
Mas mesmo assim
Me acabo a esmo.

Vou sentir
Falta de tudo que nao te escrevi
Vou amar todas as linhas
Suas que eu jamais li
Vou reclamar das unhas curtas
Que nao foram firmes
Ao te abrir
E no embrulho eu vou guardar
o presente que pra sempre
no escuro
Eu vou cantar.
lararalararara
Eu vou cantar.
E a menina, com medo de comer estragado, jogava no lixo amores antes do prazo.
Saindo da Livraria Travessa de Ipanema, vejo, do outro lado da rua, uma criança com menos de um ano, sentada na calçada.. Preso a sua mãozinha por um fio de naylon, um balão branco de gás descia e subia guiado por seus movimentos e a menininha ria sem parar assistindo ao balão que comandava. Enquanto sua mãe, visivelmente alterada, exalando cheiro de cola, pedia moedas aos carros que passavam. Ahhhh a poesia concreta é tão dissonante.
Trechos de uma carta que n mandei
(...)Acontece que de cedo dei para escrever, e os papeis da casa de minha mãe, acabaram todos. Uma existência muda me corroía os membros, foi então que me escrevi por dentro, menina, acontece que por dentro dos eus, existem outros escuros, numa lama de sangue e poeira que dá medo de ver, por causa disso cresci usando óculos. "Ando cansada, é que carrego no peito oburaco negro", me escrevi no passado dos treze anos, para a eu de hoje. Engraçado, sou menos triste de agora. Posso te contar um segredo já que fui-te embora¿ Eu tenho medo de me fundir ao louco, antes de enxergar o ingênuo, entende¿ Lá em casa me celebraram para promessa, é que desde na escola me colocaram para estudar com os meninos grandes e me caluniavam, dizendo que eu tinha propensão pra gênia, quando na verdade eu era só uma menina brincando de inventar palavra, uma menina que por preguiça de entender as regras dos outros, preferiu criar sua língua. Desde que nasci, eu tive problema pra fala. Pareço arrogante¿ Aprendi a andar descalça, disfarçada, que é para não pisar de salto fino na dor, que dor doída mesmo, é a dor aguda e assim ando descalça quase mendiga, mas fantasiada de mulher-fina(desculpa eu gosto do hífen).(...) Fui parar no cinema que é a arte do ouvido, por ter olhos atentos e vergonha do umbigo. Não tenho tinta pra estrela, eu prefiro os rodapés.(...)Me perdoa, eu sou boa de conversa com as folhas, a minha voz eu tenho medo de usar, não sei qual é a melodia do mundo. (...)
Esses dias eu sonhei com vc