terça-feira, 28 de julho de 2009

Sobre tudo que existiu

Sobre tudo que existiu
Para F.C.C.C
Vendo o último capítulo de "Som e Fúria" foi inevitável pensar em você. Ellen (Andréa Beltrão) chorava emocionada com a encenação de Romeu e Julieta, porém havia ressentimento no seu choro, havia magoa. Ela dizia: "Não existe amor assim. Essa peça é uma grande mentira.", Dante(Felipe Camargo) ao seu lado, assumiu sua identificação com um protesto; "Para mim essa é a peça mais realista de todas. Dois idiotas se apaixonam, vivem essa paixão por um tempo curto, e aí dá merda."
Eu concordo com Dante, acredito nesse amor todo, acredito nessa paixão descabida.
Tivemos ela, você abandonou um relacionamento estável e tranqüilo de dois anos, eu rompi com minha família.
Subimos depressa a escada do castelo, nos faltou ar, ficamos tontos, e ai... E ai perdemos o sentido, a realidade, o eu e o você. Eu perdi o eixo, você parou de achar graça na minha loucura. Jamais sobreviveríamos a leviandade da liberdade das leves ações. Bastaria um toque se fossemos livre.
Subir assim, nesse calor, dá tontura e olhar pro sol daqui de cima, nós deixaria cegos... Ai os erros, os erros são tatuagens escritas com navalha, que expomos na areia. Arrancam as boas lembranças e com dor eternizam as magoas e a incompreensão.
Sinta meu perfume, enquanto a brisa desvairada do tempo, sopra a minha presença de ti.
Os olhos mudam de cor e nos desafortunados, percebemos, como bons atores que somos, que o texto, embora poético, é de adeus, mas agora quem sofre é o ator e não o personagem.
Pronto mais algumas e você me devolve a câmera que te dei, mais outra pagina e agora sou eu quem te devolvo presentes. Pronto, mais um pouquinho e agora sim... Podemos nos soltar pelo espaço. Livres. Serenos. Talvez tristes.
É isso meu amor, você já apagou até mesmo o que me escreveu. Seu coração está leve - de novo- com seu amor tranqüilo(eu acredito em você, sempre acreditei).
A tranqüilidade não treme o sexo, não causa o ódio, não provoca o ciúme, nem de propósito e nem sem querer, não traz a dor e o medo do abandono. Aí na tranqüilidade, você pode deitar-se e descansar, respirar. Você não vai precisar acordar no meio da noite.
"Amar proibido é muito e causa tanto estrago"
Por isso vamos, seguiremos em frente.
Devo pedir perdão pelas noites em que te toquei, é o fim agora.
Vamos, vamos...Eu já posso soltar sua mão. Eu já posso ir.
Esqueça ou lembre.
Coração partido tem cura.
Essa ansiedade maluca. Não mais aquela que você bem conhece -por doces- mais uma capaz de me estourar inteira. Uma que aguarda qual quer comunicação que venha trazendo mudanças... De mudança mesmo, só a cor do cabelo, a cor da pele e o peso.
Essa minha impulsividade, essa mania; de por que? A lata do suco estala. Por que o metal estala?... Não entendo nada de metais. Entendo de culpa e dessa solidão de incensos.
Um banho de chuva e tudo muda. Jurei para mim mesma. Pesquisei e revirei tudo que podia no que fomos, só sobrou uma dúvida, você me respondeu.
Com um respiro forte meu coração se acalmou, e sorriu.
Não tinha o peso do amor-paixão, pelo menos, não para um lado da estória. Então os meus erros tornaram-se menores, não se espera grandes coisas de uma aventura, meu fracasso não foi tão grande. Mas para a organização geral da minha mente, eu precisava(a velha mania da necessidade) entender de qual tipo era o amor -se é que é possível tipificá-lo - me atrevo a dizer que o que existiu pra você foi uma grande amizade, existe muito amor entre amigos. Você voltou para sua velha boca.
E eu andei por um tempo beijando muitas bocas para esquecer a tua. Fiz uma faxina e selecionei ainda mais minhas companhias, me dediquei a curar minhas manias. No meio disso tudo, acabei por conhecer o meu grande amor, aquele que vai estar sempre comigo, um alguém chamado EU.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Leila Diniz

Percebo que existe uma tremenda inversão nos conceitos e pré-conceitos que a sociedade constrói. Incoerentemente, a doideira maior não está na Leila Diniz, que transgrediu com o coração aberto, honesta consigo mesma acima de tudo.

Cada vez que leio e releio, e reflito minhas pesquisas sobre ela, ouço o barulho de uma máscara deslizando pelo rosto, quando questiono, e me vejo emaranhada na falácia da liberdade de corpos –atachados a convenções estéticas – a liberdade de escolhas – atreladas ao aplauso de uma platéia que criamos, e que, na realidade, não existe – a liberdade de pensamento – de papagaios que repetem idéias de fora para fora.

Não é um tributo ao passado ou uma nostalgia boba do que já foi. Apenas uma admiração que surgiu durante uma leitura e que me fez perceber o que eu ainda não sou, em pleno ano de 2009.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"...você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente"

Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo..."

Simples

Nas épocas de alegria pacifica costumo abandonar a escrita, como se tivesse adotado-a como libertação de excessos. A dor e o vazio impulsionavam a busca do preenchimento, a alegria euforica traz consigo uma fluidez incansável. Hoje é paz, escrevo em paz, uma paz alegre.
Uma avenida movimentada, a cabeça cansada após uma viagem longa, a ansiosa procura pela rua certa, a distração. Um carro forte vindo na direção.Colidem então. Por sorte, por MUITA sorte eu era sozinha naquele dia. Perda total de um bem material, mas nenhuma perda humana. Entre o tumulto ainda zonza ouço murmurinhos; "Acho que ela fica aleijada", "Provavelmente tá morta". Com um esforço abro os olhos, estou viva. O banco lateral tomado por ferros e uma dor no pescoço que não me deixava respirar. Chega a ambulância do corpo de bombeiros, vou na maca tomando soro, choro. Naquele instante vi minha vida inteira passar, me libertei de velhos fantasmas, tentei contato com um na certeza de que precisava pedir perdão, o fantasma não surgiu, libertando da culpa, do momento que era verdade quando ele trouxe a duvida.
Sai dali depois de 04 horas e já podia sentir as pernas novamente. Respirei livre, leve, como a tempos não fazia. Que sensação nova. Chorei de alegria, eu não desejaria morrer nunca mais. Ganhei um presente. Poxa havia perdido o teste, não, não havia não. A dor era grande o enjôo também, todos diziam que era loucura, mas eu realmente queria, eu realmente desejava, vim de muito longe para isso. Eu fui. Fui e com a minha ida ele também veio. Tenho certeza de que com todas as bênçãos. EU NASCI DE NOVO. Sou grata e leve, leve como o vento.
De uma família incrível, de amigos amados, de arte no inspirar e no espirar, um novo projeto cheio de amor, um amor novo. Estou cheia de amor.
OBRIGADA.
SIMPLES ASSIM.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Porra nenhuma

Quanta graça tem na simbiótica dança das mascarás
Venho hoje tirar o disfarce
E que se dane a filosofia que prega contra o ato de adjetivar
Eu faço parte desse grupo
Porém hoje vou como de costume me contrariar.
Sou a melhor e a pior de mim
Sou sanidade insana
Conto mentiras para me transforma
Sei ser o que você quiser
Prefiro ser o que eu quero
Mas quase sempre faço questão de não ser nada
Sinto culpa nas madrugadas doentes
A euforia me contagia vez em quando
Me disseram genial
Me disseram mau-caráter
Anjo.
Porra nenhuma... Sou porra nenhuma.
Gosto de fazer zona no meu inconsciente
Tenho medo de morrer de qual quer coisa que não seja eu mesma.
Me pergunto sobre mediocridade
Sou duvida
O apego me pegou certa vez
E confesso que até hoje ele me persegue
To sempre seguindo alguma coisa
Qual quer coisa que não exista
Não faço questão de ser original
Não faço questão
Sexo é tabu.
Eu sou mais teoria do que pratica
Mais achismo que cultura
Hoje até pensei por um segundo
Que muitas vezes eu sou massa.
Porra nenhuma...Sou porra nenhuma.

A Alegria descabida

Tragam-me uvas Dionisíacas.
O vinho que me foi proibido de volta.
Libertem os loucos do hospício, vejo a arte se esvaindo.
Não há arte sem loucura.
Quanta contradição há em mim essa noite.
Domada por uma euforia em fúria
Que clama orgasticamente por arte.
Não tenho mais medo de ser vendida
A prostituição também pode trazer o gozo
Escolham a dedo seus clientes.
O que eu falo não se escreve
O que eu escrevo não se diz
Sentido é algo que desconheço
Poderia ficar noites sem dormir
Cultivando essa luz trevoica.
Brotarão frutas dessa noite
Brotarão.
Logo serei parte da mídia
A voz chegará a massa
Então hoje pela última vez posso dizer
O que continuarei dizendo amanhã
Besteiras inúteis
Sobre isso que habita meu ser:
Riam.
Esse é o único intuito da dor
Causar risos.
E de promessas eu não vivo
Não sei cumpri-las
A não ser uma
Não me acabarei em pontos previsíveis
Não tomarei pausas
Eu nunca aprendi o uso correto das virgulas e dos acentos.
ISSO NÃO ME INTERESSA.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"Pra sempre Alice"

Poema-samba, baseado no livro "Para Sempre Alice"
O homem em sua atmosfer se rebela,
Se revela
Em um outro continente o homem mente,
O homem mente
Num samba cantando se desfaz
No vem-e-vai, ele se vai
O homem que se parte
Vira parte
Vira todo
Fica torto


Ai homem bonito,
Homem buraco
Peito vaizo
Andar sombrio
Corta essa dor com navalha
Sangra esse sangue, desmaia
Morre no peito dela
Ela não era donzela.
Não era.

Tayana L. Dantas

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Comer. Rezar. Amar.

"Tenho problemas de limites com os homens. Ou talvez não seja justo dizer isso. Para ter problemas com limites, é preciso primeiro ter limites, certo? Mas eu sou inteiramente tragada pela pessoa que amo. Sou como uma membrana permeável. Se eu amo você, eu te dou tudo que tenho. Te dou o meu tempo, a minha dedicação, a minha bunda, o meu dinheiro, a minha família, o meu cachorro, o dinheiro do meu cachorro, o tempo do meu cachorro - Tudo. Se eu amo vcê, carregarei para vcê toda sua dor, assumirei por vcê todas as suas dívidas (em todos os sentidos da palavra), protegerei vcê de sua própria insegurança, projetarei em você todo tipo de qualidade que você, na verdade, nunca cultivou em sí mesmo e comprarei presentes de Natal para sua família inteira. Eu te darei o sol e a chuva e, se não estiverem disponíveis, te darei um vale de sol e um vale de chuva. Darei a você tudo isso e mais, até ficar tão exausta e debilitada que a única maneira que terei de recuperar minha energia, será me apaixonando por outra pessoa."