Você tinha pedido para eu te ensinar, quando parasse de gostar de você, não sei se vou saber, e você deve ter aprendido sozinha, mas eu escrevi o processo:
Eu pensava em você sempre, antes de dormir, quando acordava, quando fazia cocô, quando beijava outra mulher, quando me masturbava, quando.Teve um dia que eu tava amarando o cadarço e eu não lembrei de você, depois eu tomei uma sopa e não lembrei de você, só lembrei de você antes de dormir. Teve um outro dia que eu fui malhar e não lembrei de você, fui ver um filme e ele não parecia ter sido feito pra você, e eu cocei o nariz e não lembrei de você, mas o maior de tudo, teve um dia que eu escrevi um texto bom, muito bom e não lembrei de você, e não senti vontade de te mandar, e não foi sobre você, e depois escrevi um ruim, que também não me lembrou você, na falou de você e eu também não quis te mandar. E hoje eu lembrei de você, lembrei que não te amo mais e o quanto você é estranha pra mim. Imaginei que tinha te visto andando por uma rua a pé, e que olhava para você como se você fosse completamente outra, e os homens olhavam pra você e te reparavam, e eu fazia como eles, nesse dia eu te segui até você entrar numa casa, não, uma casa não, na sua faculdade, e eu esperei você sair e você ficou ali fora conversando com os seus amigos, esses que eu não conheci e que nunca foram nossos amigos, e vivendo uma vida sua que não me cabia mais, e eu fiquei horas ali, gravando aquele momento. Você lia uma folha e alternava o seu olhar atento com a folha e as conversas, e dizia coisas que eu não sabia, e vivia uma vida que não me compartilhava. Neste dia eu percebi que eu já não te conhecia mais, que eu não me reconhecia mais em você e que talvez, tudo que eu vivi e senti por você, na verdade...Não sei, como se tivesse fugido o momento passado e no presente você não trazia traços de.Neste dia eu sai dali, mesmo querendo ficar mais, e fui andando pra casa e tentando resgatar você em algum ponto da minha lembrança, em algum lugar de dor, ou de sexo, ou de. Mas eu não consegui, eu só lembrava daquela estranha, cuja qual eu estranhamente tinha seguido por toda rua e observado por quase um dia inteiro, uma estranha que eu não poderia ter visto antes, nem passando, nem em sonhos. E nesse dia, eu pensei: eu poderia um dia gostar daquela mulher que assisti, ela é interessante, parece feliz, sim eu poderia. Mas nunca antes eu havia visto e não tenho garantias de que verei de novo. Eu não gosto mais de você, entende? É que eu nem sei quem você é. Você que quis fazer de mim um segredo, um segredo culpado, vergonhoso, feio, um segredo malvado, com alto potencial de periculosidade, e eu ? Eu acabei me tornando o escancaramento do exato aquilo que você escondia.
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