quarta-feira, 11 de julho de 2012

Quando eu nasci
Me esfregaram na cara um sonho
Ele borrou-se de mim
Mas mesmo assim
Eu envelheço

Quando eu descobri palavra
Acabou a tinta do mundo
Eu vim de uma cidade de mangues
Dei para fazer poesia 
Com sangue.
Mas mesmo assim
Eu entardeço

Foi por ti que aprendi a língua
E inventei minhas falas
Todas elas ontem me faltaram
No segundo em que toquei
O seu cheiro de ameaça
Mesmo assim eu amanheço

Sou da cara menina
E do peito antigo
Por que a vida em mim demora
E eu a esperei sentindo frio
Com fome de quem chora
Olho tudo que conheço
Me interesso no começo
Mas mesmo assim
Me acabo a esmo.

Vou sentir
Falta de tudo que nao te escrevi
Vou amar todas as linhas
Suas que eu jamais li
Vou reclamar das unhas curtas
Que nao foram firmes
Ao te abrir
E no embrulho eu vou guardar
o presente que pra sempre
no escuro
Eu vou cantar.
lararalararara
Eu vou cantar.

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