quarta-feira, 11 de julho de 2012

Trechos de uma carta que n mandei
(...)Acontece que de cedo dei para escrever, e os papeis da casa de minha mãe, acabaram todos. Uma existência muda me corroía os membros, foi então que me escrevi por dentro, menina, acontece que por dentro dos eus, existem outros escuros, numa lama de sangue e poeira que dá medo de ver, por causa disso cresci usando óculos. "Ando cansada, é que carrego no peito oburaco negro", me escrevi no passado dos treze anos, para a eu de hoje. Engraçado, sou menos triste de agora. Posso te contar um segredo já que fui-te embora¿ Eu tenho medo de me fundir ao louco, antes de enxergar o ingênuo, entende¿ Lá em casa me celebraram para promessa, é que desde na escola me colocaram para estudar com os meninos grandes e me caluniavam, dizendo que eu tinha propensão pra gênia, quando na verdade eu era só uma menina brincando de inventar palavra, uma menina que por preguiça de entender as regras dos outros, preferiu criar sua língua. Desde que nasci, eu tive problema pra fala. Pareço arrogante¿ Aprendi a andar descalça, disfarçada, que é para não pisar de salto fino na dor, que dor doída mesmo, é a dor aguda e assim ando descalça quase mendiga, mas fantasiada de mulher-fina(desculpa eu gosto do hífen).(...) Fui parar no cinema que é a arte do ouvido, por ter olhos atentos e vergonha do umbigo. Não tenho tinta pra estrela, eu prefiro os rodapés.(...)Me perdoa, eu sou boa de conversa com as folhas, a minha voz eu tenho medo de usar, não sei qual é a melodia do mundo. (...)

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