domingo, 11 de setembro de 2011

Os restos. E as fantasias de vc

No inicio do ano estava eu tirando dinheiro no caixa eletrônico de um posto, estava com duas grandes amigas que moram em Los Angeles. Uma menina estava na nossa frente, ela usava um chapéu preto, uma jaqueta de couro preta, uma pulseira prata, meia calça preta e botas marrons. Nos olhos um riscado fino de rímel que se estendia para além do olho.Ela tinha um cabelo bem curto e uma tatuagem de caveira e outra com o símbolo do banheiro feminino duplicado. Aquela mulher me causou uma sensação estranha.
Na sexta passada(estamos em setembro)estava em uma festa "hipster" numa velha fábrica desativada, que agora serve de ateliê para alguns artistas contemporâneos, quando cruzei com uma menina, esta menina vestia a mesma roupa, o mesmo chapéu preto, a mesma meia, a mesma bota, a mesma tatuagem de banheiro feminino e o mais estranho; o mesmo risco de rímel fino que se estendia para além dos olhos, mas essa menina tinha o cabelo mais longo, não tinha a tatuagem de caveira e sei lá, eu preferia acreditar que elas não eram as mesmas. Cruzei com essa mulher quando ela entrava no ateliê da artista que me convidou para tal festa, derramei um pouco de cerveja quando nos cruzamos, mas ela não me viu, assim como de certa forma eu também não a vi. Não nos cumprimentamos, eu e a mulher de preto. Mandei uma mensagem para ela e a minha garota quis ir, pois tinha uma reunião no dia seguinte, fui com ela até a casa que ela dormiria aquela noite, no minuto que ela entrou no banho recebi uma ligação. Voltei para a fábrica, porque na manhã daquele dia tinha descoberto coisas que ameaçavam fortemente um bonito sentimento que eu nutria por alguém daquela festa. Cheguei lá e vi a menina de preto, olhei profundamente para ter certeza de que de fato ela era ela, era, mas não mais.
Você se defendeu com escudos no nosso semi-encontro, endureceu e buscou com afinco a indiferença, no tanto faz do possível abraço. (Eu fui, herói-romântico que sou, sem espadas, sem escudo, corpo limpo e coração aberto. Fui por não querer deixar o amor ficar doente de raiva, por não querer acreditar na sua covardia)Você bloqueou o meu espontâneo, quando percebi que de certa forma, me enxergava como uma ameaça a sua integridade. Condecorou meu amor de maleficio. Me calei em palavras de senso-comum, me deixei ser a boba da corte, única maneira de não chorar ali, diante de alguém que passo a passo, ia se tornando uma completa estranha. Eu vi meu amor morrer diante da menina fantasiada de outra, diante da menina de rímel de risco fino.Reparei que aquele rímel tinha mudado também seu olhar, tinha virado esconderijo, fiquei engasturada, com uma vontade tremenda e vergonhosa de me esconder em uma daquelas obras de arte, queria naquele momento deixar de ser autor. Eu vi meu amor morrer da forma mais banal possível e cheguei a duvidar de que um dia ele tenha nascido, mas nasceu, pobre amorzinho. O único erro que pra mim é sem perdão é a tal da covardia, eu acredito na criação, mas a negação me espanca, me humilha. Eu nasci com a genialidade dos loucos e por consequência com a loucura dos gênios.


PALAVRAS MEDIANAS
Em que posto de altar se colocou, oh divindade, para dizer que nasci no intuito único: carregar pobres almas para o inferno? Me acusou de ladra de segredos, de farsante, de falsária. Condenada eternamente a podridão de mim mesma. Me disse sem alma, sem interesse de evolução, vilã nada complexa, sem humanidade, ou paixão.Sou obra de um autor maniqueísta? Sou os olhos de um predador sem compaixão? Oh ingenua divindade, você que acata as decisões de sua deusa, e como uma anja condutora dá o recado, será que em algum lugar dessa pobre e esmagada personalidade, existem ouvidos capazes de olhar para as gamas todas que ofereço? Nem por um dia fui tal lobo em fúria, nem por uma hora, talvez por alguns segundos, eu tenha mordido a presa, mas vendo o sangue preferi morder a mim, para receber igual dor, do que devora-lá, ali mesmo.é triste anja, ter que te dizer, que todo este amor e devoção que você pensa ter por sua deusa, é apenas a sua covardia, é apenas seu medo em perder suas penas e suas asas, estas que apesar de ter, você nunca usou, mas teme um dia precisar. Isso que você sente por mim, essa que você colocou de demônio, isso que é ruim, sem valor, sem amigos, é exatamente o que você vai pensar antes de dormir e vai duvidar do que a deusa te diz, e vai querer correr, sem veste, nua e se jogar em cima de mim e me ouvir gritar mais uma vez e pensar em jogar fora essas asas q não te servem, e pensar que este paraíso de bandos é na verdade o inferno, e vai pensar que o meu gozo é o sumo do céu e vai acreditar que em algum momento poderia ter sido politeísta, poderia ter sido deusa comigo. Vai lentamente ceder ao sono vai acordar de novo com medo, e esquecer o que pensou dormindo sozinha, e vai escolher por mais um dia, ser o capacho de sua deusa e vai escolher por mais um dia me colocar de algoz. E eu, oh divindade, eu acredito em inexistências, nos silêncios ensurdecedores que elas fazem...Eu deixei de te amar no dia que notei que não voa por medo, no dia que toquei suas asas, no dia que entendi que você prefere ser a sombra de um deus, do que qual quer coisa que te tire desse lugar, onde bando é sinal de bom-caráter.
E sim, deixar de amar é algo terrivelmente definitivo. Eu sou incapaz de amar duas vezes a mesma mulher.

Um comentário:

  1. Eu nao acredito do morrer do amor. Eu vou t amar p sempre, com td covardia

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