segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Menina, na sua mocidade de voz pelos bares, na sua ansiedade de mundo, de gente. Para onde está indo você? De que ponto da estrada olha para trás, ou para frente e enxerga a loucura da minha não-arte? Em que parte você faz parte, do que ainda não vivi? Em que momento não nos fomos?
Seu fosse Vinicius,
Menina...Tão menina que é mulher, ou se travestes de guri para roubar do bolso as minhas certezas?
Eu sou grande, tenho as pernas compridas, mas para onde eu cresci? para onde eu havia crescido? Certamente, não fora nos braços: estes que não te sustentam em um abraço.
Ela chegou em silêncio para dizer que os seus olhos também inundavam; que todos os olhos se inundam quando erguidos sobre o aterro da infância, essa sua infância que em mim tarda. Ela chegou como as flores de maio, a blusa amarela(era obra de Van Gogh? Não, preferia ter orelhas).
E eu que sou vizinha de Tom Jobim, escrevo coisas soltas para, Ah.
Você têm ares de criança. Uma criança coberta de lodo, brincando no meio do horrível. Uma criança que se deixa lamber pela chuva faminta, esperando, quem sabe, que a chuva borre os seus contornos vazios; esperando, quem sabe, que eu me atire na vala para trazer-lhe, do tempo, um barquinho de papel: a única travessia possível a você, criança gasta, enterrada no meio da chuva. Esta chuva que no fim sou eu, com toda idade que carrego nos meus nãos anos, com o peso de toda idade que não vivi, ou vive pra dentro. Te encontro ali, criança. Na falta do tempo, nos medos trocados(por falta de ar, lugar), na minha voz baixinha tentando ser vista pelos seus ouvidos altos. Grita menina, grita que eu rio do meu des-humor burro que se travestiu a tanto tempo de intelectual.

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