terça-feira, 23 de outubro de 2012

Das bordas e seus bordados


ATO II

Pedi pra minha avó que me ensinasse bordado, queria ''construir'' um pano, capaz de limpar o tempo e assim talvez eu pudesse escolher as tintas de um céu. Se fosse de novo, no novo eu te escolhia pra amiga desde o início, e patriava nossas línguas no país das palavras. Mas minha avó disse que talento para bordadeira eu não tenho. Deve de ser que quando eu nasci, me esfregaram na cara um sonho, que borrado de mim me deixou ruim das bordas. Sabe, que eu nasci meio desengonçada e foi difícil aprender a me dançar, meu corpo espaçoso esbarrava no corpo do mundo, dai, eu aprendi a não me mover . mas tinha vez que a dança explodia e ai era uma derrubação só de tudo que é coisa. De agora to quase aprendida a dançar do tamanho do espaço. Desculpa por ter caído em você. Sabe, que vendo seu olho transbordante eu vejo um tanto de mim porvir, que quase tenho vergonha de já ter sido antes de ser. Por todo o estrago que a minha inabilidade de abraço causou e por toda a força da minha abertura de colo, quero fundar com você uma não-instituição do tamanho do seu sorriso.

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